A GNR identificou 8 suspeitos por furto de produtos agrícolas e apreendeu 11 toneladas de alfarroba, avaliadas em 18.525 euros, em Almancil, no concelho de Loulé, anunciou esta terça-feira o Comando Territorial de Faro.
Todos os anos, na região do Algarve, tem-se registado com frequência furtos e roubos que têm como alvo as produções agrícolas.
Apesar do sucesso desta mais recente apreensão, três produtores de alfarroba dizem que o sentimento é de total impunidade tanto para quem furta, como para quem compra, referindo-se à generalidade das empresas trituradoras de alfarroba com sede no Algarve. Todos os três agricultores quiseram falar com o POSTAL, mas pediram para não ser identificados. Têm medo das represálias, dizem. Medo “de quem furta e dos vários operadores que compram a alfarroba furtada, a preços irrisórios”.
Da atuação das autoridades, dizem reconhecer “algum esforço”, mas lamentam não se sentir seguros e chegam a teimar pela própria vida. Dizem que muitos são agricultores idosos e pobres que “estão completamente desprotegidos desses ‘gatunos’ que se sentem impunes”.
Relembram o recente homicídeo do octogenário de Faro encontrado morto em sua casa. O homem vivia sozinho e já tinha sofrido vários assaltos e roubos de alfaias agrícolas e de alfarrobas. O caso ocorreu no passado dia 4 de julho e continua a assustar, além da vizinhança, os produtores de alfarroba.
Dizem lamentar igualmente o desinteresse demonstrado pelo poder político, quer local, quer central. Dizem que “bastava o Ministério das Finanças fiscalizar as empresas da especialidade que compram as alfarrobas furtadas. Verificarem a razão pela qual cada hectar de alfarroba nas mãos dessa ‘gente’ produz tanto”.
GNR identifica 8 pessoas
Após denúncia anónima, a investigação das forças de segurança levou ao desmantelamento desta rede sediada em Almancil.
Os factos apurados pelo Destacamento Territorial de Loulé da GNR e a identidade dos suspeitos, com idades entre os 18 e 61 anos, foram remetidos para o tribunal, acrescentou a GNR. A operação foi desencadeada por uma denúncia e, à chegada à propriedade, os militares da GNR “depararam-se com os suspeitos e uma elevada quantidade de alfarroba”, referiu a GNR.
À semelhança do que se tem verificado noutros casos semelhantes, os suspeitos disseram estar autorizados pelo proprietário para colher os frutos, mas, “no decorrer das diligências policiais, foi possível apurar que, além de não possuírem autorização, não conseguiram justificar a proveniência da alfarroba que detinham”, referiu a força de segurança. A GNR adiantou que a alfarroba apreendida, que era também “resultante de diversos furtos”, pesava 11.120 quilos, “avaliados em 18.525 euros”.
A mesma fonte indicou que os factos e a matéria recolhida na operação foram remetidos para o Tribunal Judicial de Loulé [Ler página 24].