Depois dos milhares de visitantes que recebeu durante a primeira edição, Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana voltam a apostar noutra edição do Festival do Contrabando, este ano decorrerá nos dias 23, 24 e 25 de Março.
As vilas de Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana vão “vestir-se” a rigor e proporcionar aos visitantes um variado cartaz de eventos culturais, com espectáculos de música, teatro, artes e ofícios tradicionais, arte circense, animação musical, personagens como os contrabandistas e guardas-fiscais a passear pelas ruas, workshops de ofícios tradicionais, jornadas do contrabando, concurso de fotografia ou ainda uma visita a monumentos da história da região e do contrabando entre outras animações, tendo sempre em conta a beleza e imponência do Rio Guadiana.
O primeiro Festival do Contrabando contou com uma ponte pedonal que ligou ineditamente as margens de Alcoutim a Sanlúcar de Guadiana e, este ano, a travessia do Guadiana é novamente uma das propostas que o festival apresenta aos visitantes.
Componente histórica a marcar profundamente o festival
Se por um lado se celebra a arte, a cultura, a gastronomia e o património natural partilhado por ambas as vilas, por outro, a actividade ilícita do comércio é tido como o mote para a (re)criação de tempos idos, onde muitas são as estórias partilhadas de pessoas que atravessavam a nado o rio de modo a poderem sobreviver.
A relembrar que do lado de cá, em Portugal, existia o Estado Novo, e do lado de lá, em Espanha, existia uma Guerra Civil entre Franquistas e Republicanos. Foi aqui que surgiu o ponto comum, as histórias do outro lado do rio em que tudo se assemelham às contadas através da língua de Camões.
Se a miséria e a fome aconteciam do outro lado da fronteira, em Portugal a falta de dinheiro era um problema. Com ordenados mensais que mal perfaziam um dia de lucro com o contrabando, desde logo foram muitos os que foram atraídos pela actividade. Colocando em risco a sua vida e a dos familiares, os contrabandistas do Guadiana desejavam garantir a sua sobrevivência, comercializando café, ovos e bebidas alcoólicas em troca de miolo de amêndoa, um produto de qualidade e bastante caro em território lusitano, o que lhes possibilitaria o dobro do investimento já feito. Por outro lado, existia a Guarda Fiscal que averiguava e penalizava as irregularidades detectadas, e criava postos de trabalho na região rural.
Organizado pela Câmara de Alcoutim em parceria com o Ayuntamiento Sanlúcar de Guadiana e com o apoio do Governo de Portugal, Turismo de Portugal, Região de Turismo do Algarve e 365 Algarve, o Festival do Contrabando vem recuperar essas memórias e reviver tempos idos que tão profundamente estão marcados na história do concelho, das suas gentes e do Rio Guadiana.