Durante a época árabe, a cidade de Silves era conhecida como a “Bagdad do Ocidente”, um título que sublinhava a sua beleza e opulência. Após a reconquista cristã, Silves chegou a ser a capital do Algarve, uma cidade que ainda hoje encanta pela sua rica história e património cultural.
A viagem pela histórica cidade de Silves começa junto ao rio Arade. Este rio, fundamental para o desenvolvimento da cidade, viu-se transformado ao longo dos séculos. Outrora um caudal vigoroso que sustentava um porto fluvial e estaleiros navais, o Arade foi vital para o comércio e a agricultura locais. No entanto, a partir do século XVI, o assoreamento do rio comprometeu esta via de comunicação, trazendo também problemas de insalubridade. Atualmente, o Arade só é navegável por pequenos barcos durante a enchente da maré, ficando quase seco na vazante.
Perto do rio, encontramos a icónica ponte medieval, popularmente chamada de ponte romana, sugerindo a possibilidade de ter sido erguida sobre uma estrutura anterior, datada da época romana.
Avançando em direção ao centro da cidade, chegamos à Praça Al-Mutamid, em homenagem ao rei poeta árabe. Durante a ocupação muçulmana, Silves, então chamada de Chelb, era uma cidade próspera, adornada com palácios e jardins, e um vibrante centro das artes e ciências.
A caminhada leva-nos às Portas da Cidade, onde uma torre reconstruída após a conquista cristã nos liga à principal rua de Silves e à antiga Mesquita Maior. Esta rua conduz-nos agora à Sé de Silves, um monumento nacional e a mais importante construção gótica do Algarve. A Sé, construída em arenito vermelho, conhecido como Grés de Silves, foi erguida no final do século XIII, mas sofreu diversas alterações ao longo dos séculos. Originalmente catedral até ao século XVI, quando a sede do bispado foi transferida para Faro, a Sé de Silves é hoje um atrativo turístico significativo.
Frente à Sé, encontramos a Igreja da Misericórdia de Silves e, numa parede lateral, uma janela que outrora foi porta, um pórtico manuelino em calcário, datado do século XVI.
Continuando a subir, chegamos ao ponto mais alto da cidade, onde se ergue o imponente Castelo de Silves. Com raízes que remontam à ocupação romana, foi sob domínio muçulmano que o castelo alcançou a sua grandiosidade atual. Na entrada, uma estátua de bronze do rei D. Sancho I, que em 1189 conquistou Silves aos árabes, recorda-nos a importância histórica deste monumento.
Explorar Silves é mergulhar na história do Algarve. Cada rua, edifício e monumento conta uma parte desta narrativa rica e complexa. Desde a sua era dourada como a “Bagdad do Ocidente” até aos dias de hoje, Silves continua a ser um testemunho vivo da herança cultural e histórica de Portugal, como nos conta o Algarve Marafado.
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