Há já bastante tempo que se discute o impacto dos telemóveis e tablets no bem-estar físico e mental das crianças. Contudo, só recentemente é que temos vindo a conhecer a maioria dos estudos realizados sobre este tema.
Um dos estudos mais recentes, focado em crianças com um ano de idade, concluiu que o excesso de tempo de ecrã está associado a um atraso no desenvolvimento de competências cruciais, como a comunicação, as funções motoras e a capacidade de resolução de problemas. É esta a realidade que os dispositivos eletrónicos estão a impor aos mais jovens.
De acordo com este estudo, citado pelo Leak, “um maior tempo de ecrã para crianças com 1 ano de idade foi associado a atrasos no desenvolvimento da comunicação e da resolução de problemas aos 2 e 4 anos de idade”. Embora não se consiga estabelecer uma ligação causal definitiva entre a exposição ao tempo de ecrã e os atrasos no desenvolvimento, os resultados sugerem que esta exposição pode ser um dos fatores contribuintes.
A investigação, publicada no The Journal of the American Medical Association Pediatrics, analisou o impacto da exposição ao tempo de ecrã em crianças de um ano de idade, avaliando os cinco domínios-chave do desenvolvimento cognitivo: comunicação, motricidade fina, motricidade grossa, resolução de problemas e competências sociais e pessoais. Os resultados indicaram que as crianças expostas a quatro ou mais horas de tempo de ecrã apresentavam atrasos no desenvolvimento em várias áreas, especialmente na comunicação e na resolução de problemas, aos 2 e 4 anos de idade.
Apesar de alguns dos efeitos parecerem desaparecer ao longo do tempo, a pesquisa confirmou uma relação dose-resposta entre a exposição ao tempo de ecrã aos 2 anos de idade e os atrasos no desenvolvimento aos dois e quatro anos.
Outros estudos corroboram estas conclusões, destacando os efeitos prejudiciais da exposição excessiva ao tempo de ecrã no desenvolvimento infantil. Além disso, os dispositivos eletrónicos podem afetar negativamente o comportamento das crianças, prejudicando as suas estratégias de regulação emocional e contribuindo para reações emocionais intensas e impulsivas.
Face a estas evidências, os pediatras desaconselham vivamente o acesso ao ecrã para crianças com menos de dois anos de idade, recomendando que os pais limitem estritamente o tempo de exposição ao ecrã e promovam atividades do mundo real, especialmente ao ar livre.
Em suma, é fundamental que os pais estejam conscientes dos potenciais riscos associados à utilização excessiva de telemóveis e tablets por parte dos seus filhos, adotando medidas para limitar essa exposição e garantir um desenvolvimento saudável e equilibrado das crianças.
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