Atender uma chamada e ouvir a pergunta aparentemente inocente “Consegue ouvir-me?” pode ser o primeiro passo para se tornar vítima de uma burla telefónica. Responder com um simples “sim” pode parecer inofensivo, mas esta resposta pode colocá-lo em risco. Burlões têm vindo a usar esta técnica para confirmar que o seu número está ativo ou, em alguns casos, para gravar a sua voz e utilizá-la em esquemas fraudulentos. O melhor conselho? Não responda ou, melhor ainda, deixe a chamada ir para o voicemail. Vamos explicar como estes esquemas funcionam e como pode proteger-se.
Como funciona o esquema da chamada suspeita?
As chamadas fraudulentas seguem um padrão comum. Ao atender, pode haver uma breve confusão ou interferência na linha, e a pessoa do outro lado — ou uma gravação pré-programada — poderá dizer algo como “Estou a ter problemas com o meu auricular” ou “Consegue ouvir-me?”. Embora possa parecer uma conversa legítima, a realidade é que muitas vezes estas são chamadas automáticas projetadas para o fazer responder com “sim”.
De acordo com as autoridades, o objetivo principal dos burlões pode não ser imediatamente financeiro, mas sim confirmar que o seu número está ativo. “Quando diz que sim, o burlão sabe que o seu número está disponível para futuras tentativas de burla telefónica ou vendas a operadores de telemarketing,” explicam as autoridades.
Além disso, em alguns casos, esse “sim” pode ser gravado e utilizado para fins mais nefastos, como autorizar compras fraudulentas ou contratos telefónicos, especialmente se os burlões tiverem acesso a outras informações pessoais roubadas. Embora estes casos sejam raros, o aumento de fraudes ligadas à imitação de voz levanta preocupações. É por isso que a melhor prática é adotar uma política de silêncio quando se depara com chamadas desconhecidas.
Como evitar cair em esquemas de chamadas automáticas?
A solução mais simples? “Se não reconhecer o número, deixe a chamada ir para o voicemail.” Mesmo que o seu operador de serviços não marque a chamada como potencialmente fraudulenta, muitos destes esquemas chegam de números desconhecidos ou de números que se assemelham ao seu, uma tática destinada a fazer parecer que a chamada é local e, portanto, legítima.
Chamadas automáticas legais, como aquelas feitas por instituições de caridade ou operadores de serviços com quem já tem um relacionamento, são permitidas. No entanto, as chamadas de telemarketing automáticas não solicitadas podem ser ilegais. A menos que tenha interagido previamente com a empresa ou pessoa que está a ligar, a melhor forma de se proteger de chamadas fraudulentas é não responder ou desligar imediatamente.
Medidas preventivas
Para se proteger de futuros abusos, pode tomar várias medidas. Bloquear chamadas de números não reconhecidos é um dos passos mais simples e eficazes. Muitos smartphones e operadores oferecem ferramentas para identificar e bloquear números potencialmente fraudulentos, o que pode reduzir significativamente a quantidade de chamadas de assédio.
Além disso, evite premir qualquer número do teclado quando solicitado por estas chamadas. Muitas vezes, as gravações incentivam o utilizador a carregar numa tecla para “remover o número da lista de chamadas”. No entanto, responder de qualquer forma, mesmo apenas para pedir a remoção da lista, pode indicar aos burlões que o seu número está ativo, levando a mais chamadas no futuro.
Em última análise, a abordagem mais segura para lidar com estas situações é manter a cautela. Seja por evitar responder ou por bloquear números suspeitos, estar alerta pode fazer toda a diferença na prevenção de burlas telefónicas. Como aconselha o professor MacNeil, “a melhor defesa contra estas tentativas de fraude é, simplesmente, não interagir.”
A proteção da sua privacidade começa com a sua vigilância. Se não tiver a certeza da origem da chamada, ignore-a — o voicemail está lá para o proteger de uma possível burla telefónica, como sugere o Leak.
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