A coreógrafa e bailarina Vera Mantero apresenta no próximo dia 27, um sábado, pelas 21.30 horas, o espectáculo “Os Serrenhos do Caldeirão – exercícios em antropologia ficcional” no Cine-Teatro Louletano.
Trata-se de um trabalho elaborado no âmbito do Festival Encontros do Devir, da DeVIR, em torno da desertificação/desumanização da Serra do Caldeirão. Uma das condições propostas por esta encomenda foi utilizar imagens vídeo feitas por Vera Mantero em plena serra. Além dessa colecta, Vera inspirou-se muito nas recolhas fílmicas de Michel Giacometti, sobretudo naquelas que fez em torno das canções de trabalho.
Toda a peça é povoada de vozes que vêm de longe. Os tradicionais “ferrinhos” são usados para reproduzir o som do silêncio, o som da serra. Vera Mantero reproduz algumas das canções trazidas até nós por Giacometti, cantando “para” os actuais trabalhadores rurais, retomando tradições perdidas, tentando re-activá-las. E não é só de música que se trata, é também da palavra e da terra; a palavra de um Antonin Artaud em combustão, de um Prévert martelado em jeito de poesia sonora (as suas palavras sobre ruínas combinando magicamente com as imagens das ruínas que Vera Mantero encontrou na Serra).
Espectáculo retrata também um olhar sobre práticas de vida tradicionais e rurais em geral
O todo acaba por ser assim um forte olhar sobre a preciosa recolha do Giacometti. E é também um olhar sobre práticas de vida tradicionais e rurais em geral, conhecimentos das culturas orais de norte a sul do país, e não só: também as de outros continentes, que nesta peça são trazidos com Eduardo Viveiros de Castro e a referência aos índios da América do Sul (que miraculosamente todos os espectadores acreditam ser os Serrenhos do Caldeirão…!). Com este “retrato alargado” dos Serrenhos do Caldeirão, a reconhecida coreógrafa fala nesta peça de povos que possuem uma sabedoria que se perdeu. Uma sabedoria na ligação entre corpo e espírito, entre quotidiano e arte. Mas uma sabedoria que pode (e deve ser, para nosso bem) reactivada. Toda a sua dança final, com o precioso tronco (de cortiça), remete para isso.
O espectáculo tem a duração de 70 minutos, dirige-se a maiores de 12 anos e o custo normal do ingresso é de oito euros, sendo que, no âmbito da política de descontos iniciada pelo Cine-Teatro em 2016, para maiores de 65 e menores de 30 anos o bilhete tem um valor de 6 euros.
Para mais informações e reservas os interessados podem contactar o Cine-Teatro Louletano pelo telefone 289 414 604 (terça a sexta das 13h00 às 18h00) ou pelo email [email protected]. Além disso, podem consultar o seu website cineteatro.cm-loule.pt ou a sua página de facebook, em permanente actualização, onde também existe a possibilidade de compra on-line de ingressos através da plataforma BOL (www.bol.pt).