Apartir da próxima semana, deixa de ser obrigatório usar máscara na rua. A obrigatoriedade mantém-se em espaços fechados e, nas situações em que não haja obrigatoriedade, deve imperar o “bom senso”.
“Fomos tendo evidência ao longo dos meses, através das reuniões do Infarmed, que a utilização das máscaras tem vindo a decair”, afirma Tiago Correia. “Fomos percebendo também que as pessoas vão baixando a perceção de risco e é natural que isso aconteça, pelo facto de a vacinação estar a avançar e por ter sido dito de uma forma perentória que era muito eficaz na redução dos casos de doença e morte”.
Isto resultou, explica o professor de Saúde Internacional e investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (IHMT), num “aligeiramento informal das medidas”. Porém, o especialista enfatiza que continua a ser necessário usar a máscara em espaços fechados. Na prática, o Governo vai manter obrigatório o uso de máscaras por todas as pessoas que:
- ► permaneçam ou acedam a espaços interiores fechados com várias pessoas: estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, serviços e edifícios de atendimento ao público, estabelecimentos de ensino e creches;
- ► utilizem os transportes públicos.
“Nós percebemos, basta sair à rua, que as pessoas estão progressivamente a não usar a máscara porque têm uma baixa perceção de risco. Era muito importante neste momento fazer corresponder a lei àquilo que são os comportamentos das pessoas”
O especialista considera que “neste momento a obrigatoriedade é difícil de justificar”. “Eram mais fáceis de justificar quando a população não estava vacinada e sabíamos que um descontrolo do contágio ia levar a uma sobrecarga do sistema de saúde e a muitas mortes. A partir deste momento tem de haver uma abordagem não de obrigatoriedade, mas de aconselhamento”.
Assim, considera ser necessário passar conhecimento para que as pessoas consigam avaliar no seu quotidiano as circunstâncias concretas em que é ou não recomendável utilizar máscara e porquê.
“O cuidado que as pessoas devem ter é tentar perceber o risco a que estão sujeitas no seu dia a dia com quem contactam sem máscara, a uma distância a que o contágio possa acontecer”, nota.
NÚMERO DE CONTACTOS SEM MÁSCARA DEVE SER RESTRITO
O epidemiologista aconselha que se deve “manter um princípio de prudência nas pessoas com quem estamos a conviver sem máscara”, mantendo este número restrito para evitar o risco, mas também para, no caso de surgirem casos positivos, ser possível fazer inquéritos epidemiológicos para identificar os contactos.
“Devemos tanto quanto possível evitar estar com muitas pessoas sem máscara e sem distanciamento físico. E isto é quanto mais verdade quanto mais vulneráveis forem as pessoas ou se não estiverem vacinadas. Se situação [número de internamentos e mortes] começar a aumentar muito, isso deve fazer-nos novamente pensar se estamos num momento de recomendação ou de proibição”, afirma.
A lei que estabelece a obrigatoriedade do uso de máscara na rua caduca no próximo domingo (dia 12) e não será renovada pelo Parlamento, visto que PS e PSD já garantiram estar contra um prolongamento. A medida estava em vigor desde outubro do ano passado, tendo sido três vezes renovada. A última renovação aconteceu em junho, ficando em vigor por 90 dias – período que termina agora.
O fim da obrigatoriedade do uso de máscara na rua já tinha sido anunciado por António Costa no final de julho, aquando do anúncio das medidas de desconfinamento.
Em entrevista à SIC Notícias no passado domingo, Graça Freitas afirmou que “o risco de transmissão ao ar livre é muito menor, e com 85% da população previsivelmente vacinada com duas doses, a circulação do vírus será também muito menor”. Sublinhado que “a opinião da DGS é a dos cientistas e da ciência”, a diretora da Diretora-Geral da Saúde considera que esta “será uma medida positiva”.
“Mas há exceções: é que mesmo ao ar livre, de vez em quando, nós temos ajuntamentos. Creio que, ainda durante este inverno e durante mais algum tempo, é de muito tom andarmos sempre com uma máscara”, acrescentou. Nestas situações deve imperar o bom senso, defendeu.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso