A Unidade Móvel de Saúde (UMS) de Castro Marim percorre há dois anos o concelho com oferta de consultas médicas de proximidade. Primeira UMS no país permanentemente com médico, consolidou a iniciativa nascida há 20 anos no município de Alcoutim e seguida noutros concelhos, por se revelar a melhor forma de prestar cuidados à população que vive mais isolada e vulnerável.
Com uma área geográfica de 300,84km2 e divido em quatro freguesias – Azinhal, Odeleite, Castro Marim e Altura -, o concelho de Castro Marim regista um índice de envelhecimento de 220,4 %, sendo o do Algarve de 127,8%. De salientar, no entanto, os índices das freguesias mais interiores, a do Azinhal de 686,7% e a de Odeleite com 980,8% (Anuário Estatístico da Região do Algarve 2012 – Instituto Nacional de Estatística). É por isso sobre estas freguesias que recai a maior atenção e cuidado, “com populações extremamente envelhecidas, com isolamento habitacional, em locais de difícil acesso e com enorme carência de Cuidados de Saúde pela alta prevalência de doenças crónicas causadoras de elevada mortalidade e morbilidade se não forem alvo de rigoroso controlo e assistência”, declarou a coordenadora do projecto, Helena Gonçalves, à qual se juntam as médicas Susana Valsassina e Isa Frazoa, a enfermeira Angelina Rocha e o motorista Carlos Horta.
Balanço é muito positivo
Dois anos depois e o balanço é muito positivo, tendo inclusive sido registado um aumento do número de consultas em relação ao primeiro ano, de 1242 para 2395, e de utentes registados, de 519 para 629. Destes 629 utentes, 534 têm uma idade superior a 65 anos. Segundo a equipa da UMS de Castro Marim, durante este ano a principal patologia crónica sinalizada foi a hipertensão arterial, 399 casos, seguindo-se-lhe dislipidémia, 276 utentes, e a osteoartrose, com 224 diagnósticos. A registar ainda a identificação de 194 utentes com deterioração cognitiva ligeira.
“Com a actuação persistente e de proximidade dos profissionais de saúde, em que se geram elos afectivos que promovem a confiança e adesão dos doentes ao planos de actuação negociados para o controlo da sua doença crónica, conseguimos retardar a progressão do problema e evitar a cascata de internamentos hospitalares com altíssimos custos para o país e elevados prejuízos para o doente e família”, garantiu a médica Helena Gonçalves.
A UMS de Castro Marim é fruto de uma colaboração entre a Administração Regional de Saúde do Algarve (ARS Algarve), Câmara Municipal de Castro Marim e Associação Social da Freguesia de Odeleite (ASFO).
Sobre a iniciativa, o médico e autarca da Câmara de Castro Marim, mentor da primeira UMS do país quando era ainda presidente do município vizinho, Alcoutim, declara que “os bons resultados atestam a excelência da UMS, que mais do que um serviço é um ato de justiça para esta população envelhecida”.
Em 2015, a UMS de Castro Marim representou um investimento autárquico inicial de cerca de 40 mil euros.