“Tudo o que sempre quis saber sobre Próstata”, José Santos Dias, Lidel, 2014, destina-se a esclarecer dúvidas prementes sobre a próstata e as suas doenças. Pois são inúmeras as suas dúvidas que se colocam e por vezes contraditórias as informações que aparecem na comunicação social, basta pensar no rastreio do cancro da próstata, no diagnóstico precoce da doença, as queixas que a próstata pode provocar, a relação entre próstata e sexualidade e qual o melhor tratamento no cancro ou do aumento benigno da próstata.
Numa obra de excepcional qualidade didáctica, um conceituado urologista explica o que é, onde se situa e para que serve a próstata, quais as suas queixas principais, as doenças mais frequentes, as consequências do aumento do volume da próstata, o que é o PSA, o que é e que tipos de cancros da próstata existem, como se caracteriza a hiperplasia benigna da próstata, o que é a prostatite, quais as perguntas frequentes sobre a próstata e onde procurar mais informações fidedignas sobre a próstata. Uma estrutura extensa a que corresponde uma capacidade divulgativa incomum, bem-sucedida para responder aos que estão sedentos de uma informação segura e onde está envolvida uma das doenças mais temidas pelo homem. Fazendo parte do aparelho genital masculino, a próstata é um órgão situado abaixo da bexiga, produz parte do líquido que forma o esperma, o fluido prostático.
A próstata pode provocar inúmeras queixas, contudo nem todas são específicas da próstata, podem ser causadas por outros factores, até por doenças que aparentemente não têm qualquer relação com o aparelho urinário. Como observa o autor, as doenças graves da próstata podem evoluir silenciosamente, sem se manifestarem clinicamente, sem provocar quaisquer queixas. Mas os sintomas provocados pela próstata dividem-se em três grupos: os de esvaziamento (durante a micção), os de enchimento (durante o período em que a bexiga se enche), pós-miccionais (os que ocorrem no final ou logo após a micção, matéria que aparece claramente documentada.
As doenças mais frequentes da próstata dão pelo nome de cancro ou tumor maligno, hiperplasia benigna (aumento benigno da próstata) e prostatite (inflamação). O homem quando faz habitualmente os seus exames anuais vê neles incluídos o PSA. Ele existe no esperma, nas células da próstata e no sangue. É pois possível medir os níveis de PSA na corrente sanguínea. O valor obtido permite ajudar a diferenciar se estamos em presença de uma situação de aumento benigno ou de tumor maligno.
As células presentes no tumor maligno em determinada altura tornam-se mais agressivas e multiplicam-se rapidamente. Há tumores da próstata mais agressivos que outros. O autor recorda que o cancro da próstata é o tumor mais frequente nos homens do mundo ocidental. Em cerca de 15% dos casos existe uma história familiar de cancro da próstata. Este cancro é responsável por cerca de um quarto de todos os tumores dos homens europeus. Segundo o autor que toma como referência um relatório da OCDE, deverão existir no nosso país mais de 110 mil portugueses com cancro da próstata. Portugal tem uma das maiores taxas de mortalidade devido a cancro da próstata, acima da média europeia. Os factores de risco associados a este cancro são: a história familiar, a idade avançada e a origem étnica. Pesam também outros factores como os dietéticos, os hormonais, a obesidade, e os medicamentos.
Falando de queixas que este cancro pode provocar, elas são exactamente as mesmas que o aumento benigno, nomeadamente sintomas de esvaziamento, de enchimento e pós-miccionais. O cancro da próstata pode provocar sintomas (queixas) que não estão relacionados com o aparelho geniturinário, quer dizer, que têm origem noutros órgãos, longe da próstata. Sabendo detalhar como bom divulgador, o autor explica claramente o que é o cancro da próstata assintomático e quais os sintomas de metastização do cancro da próstata, e daí passa para o diagnóstico: exame objectivo e toque rectal, ressonância magnética nuclear pélvica, cintigrafia e outros exames como a tomografia computorizada.
Segue-se uma explicação sobre o tratamento da próstata, que é o capítulo mais longo deste trabalho de divulgação. Temos depois a explicação do que é a hiperplasia benigna da próstata, frequência, queixas, diagnóstico, consequências e complicações, bem como o tratamento com medicamentos. Depois de explicar a prostatite, os seus tipos e manifestações, o autor elenca as perguntas mais frequentes, do género: – Não tenho quaisquer sintomas urinários. Poderei ter um cancro da próstata?; – Quando devo fazer análises à próstata?; – O que é o PSA?; – A partir de que idade se deve fazer um rastreio do cancro da próstata?; – Que exames devo fazer para saber se tenho um problema na próstata?; – Foi-me diagnosticado um cancro na próstata. O que devo fazer?; – Tenho muitas queixas urinárias, muita dificuldade em urinar. Posso ter um cancro na próstata? O que devo fazer?; – Urino bem, aliás, urino muitas vezes de dia e de noite. Posso ter algum problema?
Por último, o autor sugere a procura de informações fidedignas e dá as suas razões. Um belo escorço de didactismo e pedagogia, o que, em termos da especialidade médica, é um exercício luminoso de literacia e até mesmo para consulta de profissionais de saúde.
* Assessor do Instituto de Defesa do Consumidor e consultor do POSTAL