A deputada não inscrita Cristina Rodrigues recebeu várias ameaças à integridade física e uma de violação através das redes sociais. Em fevereiro, quando avançou com o projeto de lei no Parlamento de punir com pena de prisão de dois a cinco anos quem divulgar fotografias ou vídeos com nudez ou carácter sexual sem consentimento da vítima, foi alvo de uma campanha de difamação nas redes sociais. E recebeu uma mensagem de teor violento. “Uma pessoa ameaçou-me através do Instagram que me iria violar, o que me causou alguma preocupação.” Mas não chegou a apresentar queixa ao Ministério Público.
Em agosto, voltou a ser alvo de ameaças de violência física, por causa da iniciativa que levou ao Parlamento que propunha abolir as touradas. “Tu é que devias levar com uma bandarilha nessa cabeça”, ou “Que vaca. Olha para todos os lados quando saíres à rua.”
Também Joacine Katar Moreira tem sido vítima de diversos ataques contra a sua integridade física através das redes sociais, tendo revelado ao Expresso algumas destas mensagens: “Boa notícia era apareceres enforcada no Padrão dos Descobrimentos”, ou “És muito triste, devias ser violada, tu e toda a tua família”. A deputada garante que o facto de receber tantas mensagens de ódio acaba por dificultar a realização de denúncias às autoridades. É por esta razão que avançou recentemente com uma iniciativa na Assembleia da República que visa tornar semipúblicos os crimes de injúria e difamação quando são cometidos por motivos de ódio ou preconceito e criar uma agravante geral para todos os crimes caso estes sejam cometidos com esta motivação, tal como já acontece com o crime de ofensa à integridade física e homicídio.
Já na semana passada a deputada do PAN, Inês de Sousa Real, revelou que tinha recebido uma ameaça de morte através do Facebook: “Ó p… mete-te a pau com o que dizes senão vais ser morta.” Acabou por apresentar queixa ao MP e também aos serviços de segurança do Parlamento. Esta foi a primeira ameaça de morte que recebeu, algo que considera “intolerável” e “inaceitável”. E não tem dúvidas de que este tipo de mensagens de ódio “põe em causa o sistema democrático”.
No verão passado, dez personalidades, entre elas as deputadas Beatriz Gomes Dias, Mariana Mortágua (ambas do Bloco de Esquerda) e Joacine Katar Moreira, bem como ativistas antifascistas e antirracismo receberam ameaças de morte do movimento neonazi Nova Ordem de Avis — Resistência Nacional: tinham de abandonar o “território nacional” em 48 horas e rescindir “as suas funções políticas”, caso contrário seriam “tomadas medidas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português”. A PJ investiga o caso e a Procuradoria-Geral da República revela que o inquérito ainda não conheceu um despacho final.
Notícia exclusiva do parceiro do jornal Postal do Algarve: Expresso