O Movimento Sobreviver a Pão e Água, que junta empresários e trabalhadores da restauração e similares, apelou ontem a que o Presidente da República “interceda urgentemente a favor do setor”, tendo alguns membros iniciado uma greve de fome.
Este movimento, que junta empresários e trabalhadores da restauração, bares, discotecas, cultura, eventos, alojamento e táxis, está, desde ontem, em tendas instaladas em frente à Assembleia da República.
Alguns membros do movimento estão em greve de fome, “como forma de protesto e em solidariedade por todos aqueles que, neste momento, não têm já o que comer”.
Um dos ativistas, José Gouveia, deixou esta manhã um vídeo testemunhando o objetivo da causa dizendo: “Passem por cá e mostrem a vossa solidariedade. Até já!”
“Pelos 43% de nós, empresas de restauração e similares, que ponderam avançar para a insolvência. Pelos 19% de nós, empresas de alojamento turístico, que ponderam fechar as portas. Pelos que ficaram pelo caminho. Pelos mais de 49 mil empregos perdidos no setor da restauração e hotelaria durante o terceiro trimestre de 2020. Por todos os que perderão o emprego, o sustento, a comida na mesa se as ajudas não chegarem já”, refere o movimento.
Numa nota enviada à imprensa, o movimento refere que foi recebido na Casa Civil da Presidência da República, e revela que teve a oportunidade de “expor as suas ideias e propostas, solicitando ao Presidente [Marcelo Rebelo de Sousa] que interceda urgentemente a favor do setor”.
“Sem respostas concretas e imediatas aos pedidos apresentados, e considerando a urgência de medidas que apoiem um setor que já há nove meses se encontra em agonia, e que, agora, com as novas restrições, entra numa fase ainda mais dramática, o Movimento não tem outra opção senão a de prosseguir esta luta”, realça a nota.
Em representação do movimento estiveram Ljubomir Stanisic, José Gouveia e Manuel Salema, e esta reunião “surgiu na sequência de um pedido de audiência” em 16 de novembro, “endereçado ao Sr. Presidente da República, mas também ao primeiro-ministro, Dr. António Costa, e ao ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Dr. Pedro Siza Vieira”.
“Dos três pedidos enviados, apenas o ’email’ dirigido ao Gabinete da Presidência obteve resposta, concretizando-se hoje a audiência solicitada”, destaca ainda o comunicado.
Para o movimento Sobreviver a Pão e Água, apesar de não ser responsabilidade do Presidente da República legislar, é “uma das suas funções chamar a atenção da Assembleia da República para qualquer assunto que, no seu entender, reclame uma intervenção do parlamento”.
As medidas para combater a covid-19 paralisaram setores inteiros da economia mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que a pandemia reverterá os progressos feitos desde os anos de 1990, em termos de pobreza, e aumentará a desigualdade.
O FMI prevê uma queda da economia mundial de 4,4% em 2020, com uma contração de 4,3% nos Estados Unidos e de 5,3% no Japão, enquanto a China deverá crescer 1,9%.
Para 2021, a organização com sede em Washington antecipa um crescimento da economia mundial de 5,2%, face a 2020.
Para Portugal, o FMI prevê uma queda de 10% em 2020, e uma recuperação de 6,5% para 2021.
Estas previsões diferem das do Governo português, que antecipa uma queda da economia de 8,5% este ano, e uma recuperação de 5,4% em 2021.
Já a Comissão Europeia prevê uma queda de 9,3% da economia portuguesa em 2020, e um crescimento de 5,4% no próximo ano.
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