Peritos em Engenharia e Geologia apelam ao Governo para a criação de um plano urgente de reforço sísmico nos equipamentos sociais que acolhem bebés e crianças. “É urgente um programa nacional de reforço de infantários e de escolas” apela Mário Lopes, professor do Instituto Superior Técnico (IST), doutorado em Engenharia sísmica pelo Imperial College, de Londres, citado pela CNN Portugal.
Segundo a mesma fonte, “o problema repete-se nas escolas públicas, neste caso bem diagnosticado. Um levantamento técnico ao parque escolar do Algarve revelou uma realidade preocupante. A maioria das escolas são vulneráveis a terramotos severos e muitas delas estão localizadas em áreas que serão engolidas pelo tsunami que se seguirá a um grande sismo com epicentro no mar. Em Lisboa, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) estudou 28 escolas a pedido da câmara municipal e recomendou o reforço sísmico de 18, para salvar vidas entre a comunidade escolar. O problema é que a autarquia e o Governo ainda não chegaram a um entendimento sobre o financiamento das obras necessárias”.
“A maioria dos hospitais públicos também não resistiria a um sismo violento. Os dois hospitais centrais de Lisboa – Santa Maria e São José – são vulneráveis. A comunidade científica denunciou ao Tribunal de Contas que o futuro Hospital de Todos os Santos, cuja construção está a arrancar, não estava projetado para se manter em funcionamento em casos de terremoto, por falta de isolamento de base, uma tecnologia corrente em países como a Turquia, Estados Unidos e Japão. Numa decisão histórica, os juízes conselheiros Nuno Coelho e Miguel Vasconcelos impuseram a correção desse erro”, refere ainda a CNN Portugal.
O LNEC analisou o parque habitacional e concluiu que, na Grande Lisboa, vivem seiscentas mil pessoas em edifícios que não estão preparados para resistir aos sismos mais violentos que podem voltar a ocorrer na metade sul do país. Segundo o economista António Nogueira Leite, se o terramoto de 1755 acontecesse hoje, os danos causados seriam equivalentes a um ano de PIB.
“Os peritos criticam o ‘erro histórico’ do PRR português: consigna 700 milhões de euros ao melhoramento energético de edifícios, mas não orçamentou um cêntimo para a resistência sísmica. ‘Fazer só a reabilitação energética não serve para nada. Porque se vier um sismo destrói tudo e perdemos tudo’, recorda Carlos Sousa Oliveira, primeiro português doutorado em engenharia sísmica, na Universidade da Califórnia, dos Estados Unidos, finaliza a mesma fonte.
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