Adélio soma pontos em Lisboa
Os “velhos” do Pé da Cruz não podem ouvir falar dele. Contra tudo e contra todos, ganhou o poder na concelhia sem ligar a nomes e a estatutos. Mas, do que os mandantes habituais não gostaram nada foi que o Adélio lhes tivesse passado a perna e, sem a sua bênção, começasse a tratar directamente com os patrões da capital do reino, em Lisboa. Mas resultou porque o palacete estava a desmoronar-se: “ O chefe Adélio fez aquilo que os ocupantes de cargos e sinecuras nunca fizeram” – escutou um dias destes o Mandador. Adélio arregaçou as mangas, fez relatórios, escreveu, telefonou, sensibilizando o chefe Arneiro e o Patrão a virem cá abaixo e verem com os seus próprios olhos. Não sabiam da missa a metade! E o resultado – fora o resto – aí está: – Dentro em breve os rosinhas terão novas instalações até que as obras a efectuar no velho palacete garantam o mínimo de dignidade e de segurança. O velho poder não gostou e Adélio marcou pontos. Agora até pode cobrar as entradas e assistir de bancada!
Terramoto com epicentro em Olhão
O anúncio do nome de Pina Júnior para mandatário distrital da candidatura de Martelo Souselas de Sousa, fez tremer as estruturas dos dois maiores partidos no Algarve. Onde o terramoto parece ter causado maiores danos foi no terreiro dos laranjinhas. Houve mesmo, lá dentro, quem tivesse defendido, exaltado, a apresentação de um algarvio para avançar como representante do reino para a chefia da república! O Mandador não percebeu se alguém se terá lembrado ou não de Covaco da Sylva. O que garantiram é que o nome mais falado e mesmo à mão de nomear era o de Gago Vitoriano. Mas este, ainda que mal sondado, fez logo saber que se tivessem falado mais cedo ainda poderia ter considerado. Agora era tarde e ele jamais iria avançar contra o amigo Martelo, pondo em causa a sua reeleição à primeira volta – terá dito ele com toda a humildade de que é possuído! Para a próxima, logo se verá! Podem contar sempre com ele…
Vai com calma, Alvarinho
Quem saiu mal na fotografia sobre a escolha de Martelo de Souselas de Sousa, foi o Alvarinho de Olhão. Ainda a notícia pouco mais era que um sussurro, já ele pedalava a todo o gás na pista do facebook. O Mandador ouviu dizer que não poupou nem foi brando nas palavras: imbecil, pouco inteligente, imoral, sem memória… terão sido as mais suaves. E não deixou de avisar: “Por mim ele não vai ser eleito”. Assim mesmo é que é – foram os aplausos da plateia – “para Martelo perceber que não se brinca com malta de Olhão”. O problema é que Alvarinho arrependeu-se depressa e, mais lesto ainda, foi apagar o que tinha escrito antes. Mas já era tarde. A notícia já andava por aí. “Oh, Alvarinho terá sido do verde da cepa ou do verde da raiva?”- interrogava-se um pescador da terra do mano João Lúcio. E a mesma voz acrescentou: – “Assim torna-se complicado gerir qualquer sonho para chegares ao Palácio da Restauração”! Vai com calma, mano, que o mar está feito num cão…
Quoque tu fili mi Brute?
Mas no jardim das rosas não se podem rir muito, porque o abalo sísmico também se fez sentir bem forte para aquelas bandas. Por estes dias, o Contador ouviu dizer que o chefe do Palácio da Rosa, Luiz Graciliano, terá desabafado para um camarada: “O Pina andou a enganar-nos muito bem. Eu a pensar que ele estava virado para a Anita Gomes, como ele me fazia crer”. Nessa altura ainda não havia certezas, mas o chefe andava desconfiado de que a surpresa podia vir de Loulé, não fosse ele também um súbdito do Vitorioso Aleixo! Ou então – explicaram ao Mandador – terá disparado para aqueles lados apenas para distrair as atenções! Não que um ou outro lhe fosse totalmente indiferente. “Venha o diabo e escolha” – terá dito! Ao menos, ficou a saber que não pode tirar os olhos de nenhum dos dois. São cavaleiros bem cotados no mercado das apostas e o futuro a Deus pertence. E já se ouve o cintilar das espadas para aqueles lados: -“não se pode um homem descuidar um pouco”, terá desabafado, apontando o dedo ao Pina Junior: “Quoque tu, fili mi Brute!”…
Natal dos esquecidos
Quem anda muito descoroçoado – como falava a minha tia Bia – é o chefe do Palácio da Sé. Não é fácil esquecer uma desfeita daquelas. Depois de lhe ter oferecido as chaves da alcaidaria, dava como certo que iria ser ele o eleito para carregar o andor de Martelo no caminho para Belém. – “Seria a prenda de Natal mais do que merecida!” – dizia ele entre amigos, igualmente esmorecidos: – “Essa de ele se ter esquecido de mim para se refugiar nos braços de um perigoso marxista, não lembrava ao diabo, ainda que vermelho também” – acrescentou ele num misto de indignação e desencanto. O Mandador só não conseguiu apurar se o chefe da Sé estaria entre os defensores que apostavam num corredor algarvio como alternativa a Martelo. Mas que tinha razão por tamanha desfeita, lá isso tinha. E uma prenda de Martelo com o Natal e as autárquicas à porta vinha mesmo a calhar! Lá isso vinha…
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