O Grupo Sevenair vai mesmo interromper a ligação aérea Portimão-Bragança a 30 de setembro por tempo indefinido até que o Governo lhe comece a pagar a dívida e que seja celebrado um novo contrato, transmitiu esta sexta-feira o diretor de voos Sérgio Leal.
Nessa tarde, a empresa esteve reunida com o Ministério das Infraestruturas.
“(…) Neste momento é inevitável um interregno, ainda que por tempo indefinido. A secretaria de Estado demonstrou vontade de resolução dos processos pendentes de pagamento. Poderá demorar duas a três semanas. Entretanto, em conjugação com isso, está-se também a ultimar o processo da contratação pública para os próximos quatro anos”, explicou Sérgio Leal depois da reunião com o Governo.
Dia 30 de setembro termina o contrato do segundo ajuste direto feito com o Estado este ano e dia 01 de outubro “não existe nada”, lembrou Sérgio Leal, pelo que não haverá voos.
“Quando começarmos a receber, estaremos prontos para o fazer [voltar a operar], mediante a existência de algum tipo de contrato”, declarou Sérgio Leal.
Mesmo que houvesse uma solução neste momento, voltou a sublinhar Sérgio Leal, a empresa não teria condições financeiras para seguir com a carreira aérea.
“Este interregno vai permitir tempo para que se comecem a ultimar formas de pagamento de algumas das situações que temos pendentes. Entretanto, vai surgir a questão da contratação pública, esperamos nós, quando terminarem os trâmites normais”, reforçou ainda Sérgio Leal.
O diretor de voos deixou expresso que, quando começarem a auferir as verbas em falta, permitindo reunir as condições financeiras necessárias, e tiverem um novo contrato, seja um novo ajuste direto ou o resultado do concurso público internacional para a concessão dos próximos quatro anos, e ao qual concorreram, voltarão a operar.
Sérgio Leal explicou que é possível que o prazo de duas a três semanas seja o suficiente para que os montantes em falta comecem a ser pagos e para que o novo contrato público esteja pronto a ser iniciado, mas sem totais garantias.
“Esperamos que sejam suficientes. Sabemos que esta linha parada é mau para o país. Quanto mais tempo parada, pior. Já esteve no passado e foi muito nefasto. Mas creio que a secretaria de Estado está bem apercebida desta urgência e desta necessidade”, considerou Sérgio Leal.
Numa nota escrita em resposta ao pedido de esclarecimentos da agência Lusa sobre esta situação, a tutela informou que “decorrida a reunião com a Sevenair, o Ministério das Infraestruturas e Habitação continua empenhado na construção de uma solução para o futuro da ligação aérea Portimão-Bragança, lembrando que decorrem ainda os procedimentos com vista à conclusão do concurso público internacional para a concessão do referido serviço”.
O Grupo Sevenair anunciou quarta-feira que a ligação aérea Bragança-Vila Real-Viseu-Cascais-Portimão vai parar devido à falta de pagamento do serviço pelo Estado, que tem uma dívida total de 3,8 milhões de euros, provocando o “estrangulamento de tesouraria”.
Em janeiro, o Grupo Sevenair assinou um primeiro ajuste direto deste ano ainda com o Governo anterior, que vigorou de março a junho, por 750 mil euros, e já com o atual Executivo, liderado por Luís Montenegro, foi assinado um segundo ajuste direto, válido até setembro, por 900 mil euros.
Sérgio Leal explicou que ainda há outros montantes anteriores por liquidar, referentes aos últimos trimestres de 2022 e de 2023 e às garantias bancárias necessárias em contratos públicos, o que perfaz o total do valor em falta.
O novo concurso público internacional para a concessão do serviço foi realizado e tinha como data prevista para o seu início 01 de outubro, terça-feira, mas, até ao momento, ainda não há desfecho.
O Grupo Sevenair voltou a concorrer à adjudicação do serviço, sendo que Sérgio Leal relembrou que a empresa é a única candidata desde há 15 anos.
No comunicado emitido quarta-feira a empresa lamentou “o imenso o impacto da suspensão da linha relativamente às populações do interior Norte de Portugal que serão afetadas, bem como o destino de perto de uma centena de trabalhadores ligados a esta linha, nas várias escalas, incluindo tripulações, manutenção e handling, tendo sido estas as razões que, apesar de nada ter recebido em 2024, levaram a Sevenair a manter a operação enquanto foi humanamente e financeiramente possível”.
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