O Governo e os municípios admitiram hoje a adoção de medidas de racionalização do consumo urbano de água se continuar sem chover, que serão avaliadas em reuniões regionais que arrancam no próximo dia 23 no Algarve.
A comissão que acompanha a seca no Ministério do Ambiente e a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) reuniram-se hoje, em Lisboa, tendo no final o ministro João Matos Fernandes dito aos jornalistas que do encontro saiu “o compromisso” de haver “cinco reuniões em cada região” no território do continente, envolvendo os municípios, “outros grandes utilizadores de água” e as empresas e entidades que gerem este recurso.
O objetivo destas reuniões é, “se for o caso”, atendendo aos dados que houver “na altura”, tomar em conjunto “medidas de racionalização do uso da água”, disse o ministro do Ambiente, que deu como exemplos regras na lavagem de ruas, na rega dos jardins, na lavagem dos carros do lixo ou na lavagem dos equipamentos municipais.
“Mas, de momento, não sentimos essa pressão”, realçou João Matos Fernandes, depois de dizer que “as projeções meteorológicas neste momento são mais favoráveis do que eram até há uma semana”, por haver uma “forte expectativa” de que chova entre quinta e segunda-feira no litoral, no centro e no norte do país, “o que vai permitir certamente recuperar alguma da água nas albufeiras”.
Por outro lado, acrescentou, nas cinco albufeiras onde parou a produção elétrica em 01 de fevereiro, uma delas, Castelo de Bode, está com níveis de água estáveis e “as outras quatro estão até com mais água”.
“Estamos com isso despreocupados? Não, não estamos. Não temos é de estar mais preocupados do que estávamos há uma semana”, defendeu.
Matos Fernandes lembrou que a água para consumo humano e urbano gerida pelas autarquias corresponde a 20% do consumo anual total no país e assegurou que Governo e municípios estão “muito alinhados no propósito do uso mais eficiente da água”.
O ministro reiterou que a água atualmente nas albufeiras é suficiente para dois anos de consumo humano e urbano, numa “mensagem de serenidade, mas que não pode ser uma mensagem de despreocupação”.
“Temos todos e sempre que poupar água”, afirmou.
O vice-presidente da ANMP e presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, lembrou aos jornalistas que os municípios são “o principal gestor de toda a rede de distribuição de água para consumo humano” e que é preciso criar “sistemas mais eficientes”, além de pensar em medidas para minimizar a falta de água, se a situação de seca se prolongar.
“É preciso começarmos a pensar e há muitos municípios que já o estão a fazer, mas é preciso alargar essa rede, para criar sistemas mais eficientes, para poupar água, para de alguma forma conseguirmos minimizar o impacto de possíveis secas em anos em que isso aconteça”, disse o autarca.
Rogério Bacalhau afirmou que os municípios vão trabalhar com o Ministério do Ambiente e “tentar definir um conjunto de medidas que possam ser adequadas a cada uma das regiões”.
“Todo o país tem preocupações nesta área, as preocupações são é diversas em função das próprias características dos sistemas de abastecimento de águas. Numas temos barragens com caudais grandes, noutras nem tanto e, portanto, é preciso definir aqui um conjunto desintervenções que sejam adequadas a cada uma das regiões”, explicou.
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em janeiro “verificou-se um agravamento muito significativo da situação de seca meteorológica, com um aumento da área e da intensidade, estando no final do mês todo o território em seca, com 1% em seca fraca, 54% em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema”.