Os sindicatos dos Enfermeiros Portugueses (SEP), dos Médicos da Zona Sul (SMZS), da Função Pública (FP) e a União de Sindicatos do Algarve (USAL), aliam-se hoje sexta-feira, dia 22, a comissões e associações de utentes e a autarcas e deputados do Algarve na greve que pretende paralisar os serviços de saúde da região, numa luta que se retrata num slogan “Algarve, unido, pelo Serviço Nacional de Saúde, contra a degradação dos serviços, a falta de profissionais, equipamentos, medicamentos e outros consumíveis”.
Além da greve conjunta anunciada terá lugar esta tarde, a partir das 17 horas, uma tribuna pública, em frente à Administração Regional de Saúde, no Largo do Carmo em Faro, “com a presença de autarcas, deputados, associações de utentes e profissionais de todas as carreiras”, diz o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
Os números do descalabro
Para o SMZS o Governo “desencadeou nos últimos três anos a mais feroz luta ideológica contra SNS”.
O sindicato recorda que “a ARS do Algarve assume que faltam 823 profissionais de saúde nos cuidados de saúde primários e hospitalares, nomeadamente 244 assistentes operacionais (AO), 282 médicos, 159 enfermeiros, 101 assistentes técnicos (AT), 22 técnicos de diagnóstico e terapêutica e 15 técnicos superiores”.
“No entanto os sindicatos apontam para uma carência de cerca de 350 enfermeiros, 300 médicos, 300 AO e 150 AT”, refere a estrutura representativa dos médicos
O Ministro da Saúde anunciou publicamente a abertura de vagas significativas para o Algarve, mas apenas abriram lugares para cerca de 100 médicos, assumindo desde logo que a maior parte iriam ficar por preencher.
“Os 45 enfermeiros que foram admitidos no Centro Hospitalar do Algarve não chegam para suprir metade das saídas nos últimos tempos, quanto mais para fazer face à carência que já antes existia”, sublinha o SMZS.
A organização sindical revela que os tempos de espera para primeiras consultas de especialidades, solicitadas pelos centros de saúde atinge já “627 dias para ortopedia e 587 dias para oftalmologia” e realça os “148.965 algarvios sem médico de família”.
Tudo numa infindável lista de identificação dos problemas acumulados nas unidades de saúde da região e aos quais o Governo tarda em dar resposta ou pura e simplesmente falha na resolução.
Pedro Passos Coelho chamado à atenção no Pontal
Na Festa do Pontal, realizada na passada semana, o presidente do PSD Nacional e líder do Governo, Pedro Passos Coelho, não saiu de Quarteira sem que Rui Cristina, líder concelhio dos laranjas louletanos, lhe deixasse o recado acerca das deficiências dos serviços de saúde do concelho, nomeadamente do Serviço de Urgência Básica (SUB) sedeado na cidade.
Ainda que num discurso amigável para com a acção de uma Administração Regional de Saúde que manifestamente falhou na gestão dos SUBs, Rui Cristina não deixou passar em branco as dificuldades e os problemas que são extensíveis a grande parte das restantes unidades do sistema de saúde regional.