A Câmara de São Brás de Alportel mantém a prova de downhill (Taça de Portugal de Downhill) que estava agendada de hoje até ao próximo domingo apesar de não estarem asseguradas condições de resposta do Hospital de Faro – e do Hospital de Portimão – na área de ortopedia. Isto mesmo avançou ao POSTAL o presidente da autarquia Vítor Guerreiro, acrescentando que “tenho garantias de que o Hospital Privado de Loulé terá reforçada a equipa de ortopedia para poder atender a eventuais necessidades resultantes da prova desportiva”.
Vítor Guerreiro “indignado”
Vítor Guerreiro que se diz “indignado com a situação” esclareceu ao POSTAL que Pedro Nunes, Administrador do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), de que faz parte o hospital da capital algarvia, lhe respondeu a um pedido de esclarecimento sobre a capacidade de resposta do hospital à prova que traz a São Brás de Alportel cerca de 600 praticantes desta modalidade de bicicleta em descida por troços de grande inclinação que “a escala de ortopedia do dia 6 não é compaginável com a realização do evento”, acrescentando que “escassez de recursos humanos [em ortopedia] no que respeita a médicos especialistas na região é particularmente grave”.
Para Vítor Guerreiro, “lamentavelmente o serviço público de saúde não tem resposta de proximidade nesta especialidade, qualquer acidente que ocorra com possíveis fracturas tem que seguir para um hospital privado. Temos que alterar imediatamente esta situação, os algarvios necessitam de ter respostas na área da saúde adequadas às necessidades”.
Da comunicação do evento pela autarquia ao reconhecimento da incapacidade do Hospital de Faro pela respectiva Administração
A situação de reconhecimento da incapacidade do Hospital de Faro em dar resposta aos eventuais acidentes verificados na prova desportiva de São Brás de Alportel teve início no passado dia 1, com o autarca Vítor Guerreiro a comunicar ao CHA a realização da prova e a solicitar à Administração do mesmo informações sobre a capacidade de resposta da unidade hospitalar.
Ao ofício da Câmara Pedro Nunes responde começando por assinalar a tardia informação do mesmo ao CHA que segundo o administrador teria “ter gerido os conhecidos escassíssimos recursos no área de ortopedia de forma a corresponder ao potencial excesso de procura”.
Pedro Nunes acusa autarcas PS de “guerra”
Pedro Nunes não deixa na resposta à Câmara de dar nota de uma ““guerra” sistemática” de alguns autarcas do PS ao Conselho de administração do CHA. “Para nosso espanto os representantes da população, isto é dos interessados no bom funcionamento dos Serviços, os autarcas de alguns municípios, sem cuidar de esclarecer o que estava em causa e as possibilidades de solução, optaram por apoiar os médicos e numa “guerra” sistemática procurar a exoneração do Conselho de Administração do Hospital. São momentos em que a política imediatista e partidária deveria ceder lugar ao interesse público, mas as coisas são como são”.
E Pedro Nunes continua “Como V. Exa. por certo compreenderá, tal intervenção dos autarcas eleitos em listas do partido que sustenta o Governo articulada com deputados da mesma força política retirou qualquer autoridade ao Conselho de Administração. Sem qualquer admiração, vimos os ortopedistas recusar escalas com menos de três especialistas, mesmo que para tal fosse necessário deixar dias sem ninguém de serviço em toda a Região”.
Pedro Nunes sugere contratação de unidade privada de saúde
É desta forma que o Administrador do CHA consubstancia a incapacidade de resposta do Hospital de Faro – e também de Portimão – e vai mais longe, propondo que se contrate uma entidade privada para assegurar os serviços de saúde na área da ortopedia.
Pedro Nunes diz, no fim do sua resposta a Vítor Guerreiro, que “V. Exa. por certo decidirá do seu cancelamento [da prova] ou da contratação com entidade privada o apoio necessário. Pela nossa parte, impedidos que fomos de assegurar o serviço público que preconizávamos e vimos como necessário, apenas nos resta transmitir a V. missiva aos directores dos serviços de ortopedia a fim de que estes, se assim o entenderem, correspondam ao V. desejo e alterem a escala [do serviço de ortopedia]”.
Vítor Guerreiro informou entretanto o Administrador do CHA que dará conhecimento da situação à Comissão parlamentar competente da Assembleia da República, bem como aos deputados eleitos pelo círculo do Algarve. Ao POSTAL o autarca afirmou que situação foi já comunicada também ao Ministro da Saúde.