O Museu do Traje, São Brás de Alportel, está instalado num edifício da Santa Casa da Misericórdia local. É um museu diferente dos museus das Misericórdias portuguesas, mas não pode ser impedido de desenvolver uma praxis própria.
É uma escola de cidadania que assenta nos valores basilares da Misericórdia enriquecidos com uma renovada consistência ideológica e ativismo político, é um instrumento de participação, de integração social, de formação, de convívio fundamentado nas Obras de Misericórdia.
Duas fontes de inspiração nortearam o seu rumo: a proximidade à Sociomuseologia (MINOM Movimento Internacional para uma Nova Museologia) e o corpus social, moral e ético erigido ao longo de meio milénio pelas Misericórdias Portuguesas. Estes e outros fatores como a independência, a liberdade e o livre pensamento se reuniram em São Brás de Alportel para que o Museu se tivesse desenvolvido e tornado numa referência Nacional e internacional, graças ao empenho do seu Diretor Emanuel Sancho. Desta forma, nestes quase 30 anos de história deste museu, as aprendizagens levaram à implantação de um modelo de gestão que foi tomado como exemplo. Algumas universidades (Ludwigsburg (Alemanha), Milão (Itália), Saint Etienne (França), São Petersburgo (Rússia), Baía (Brasil), etc) enviaram os seus investigadores que, em residências académicas, se deslocaram a São Brás de Alportel para perceberem e vivenciarem o nosso modo de funcionamento. Mais de uma dezena de artigos foram publicados em revistas científicas nacionais e estrangeiras que explicaram nosso modelo de gestão inovador. O ICOM (International Council of Museums – UNESCO/ONU), convidou o nosso museu para um dos seus congressos. A revista oficial do Ministério da Cultura Dinamarquês publicou um artigo de cerca de 20 páginas sobre o modelo de gestão do Museu de São Brás de Alportel.
Hoje, apesar de ter ocorrido há apenas alguns anos, essa realidade parece-nos longínqua. Os tempos mudaram. As dificuldades avolumaram-se.