Desfiliado de fresco do partido de que foi fundador, Pedro Santana Lopes confessa estar tentado a voltar a ser candidato a uma Câmara Municipal pelo PSD nas autárquicas agendadas para o final de 2021, mas só se “houver juízo”, ou seja, se as eleições locais forem adiadas. Ao contrário das Presidenciais, o ex-líder do PSD lembra que o adiamento por seis meses do sufrágio “não é inconstitucional”, cenário que advoga devido à pandemia, não pelo ato em si, mas para evitar que os candidatos correm “as capelinhas todas, cafés e coletividades”, durante a campanha.
Em entrevista ao Diário de Notícias, Pedro Santana Lopes lembra que foi presidente de câmara e vereador em Lisboa por gosto. “É o trabalho na vida política de que mais gostei dos vários cargos que já desempenhei. É fantástico o trabalho autárquico. Por essa razão admito que isso volte a acontecer, ser candidato a uma câmara”, avança o ex-presidente da Aliança, partido a que renunciou na noite das Presidenciais.
Questionado sobre o seu eventual à militância do PSD, o antigo presidente da Câmara da Figueira da Foz diz que iniciou agora “uma fase” em que está “a respirar”, confidenciando que a saída do Aliança foi um processo “muito duro e exigente, até doloroso”, que lhe exigiu “muita coisa interiormente, esforço físico e até financeiro”.
O agora ”cidadão independente” revela que há muita gente no PSD a pedir-lhe e a escrever-lhe “todos os dias” para que “volte a casa”, apelo que o “sensibiliza muitíssimo”. “Eu saí e as e as pessoas podiam ter ficado zangadas, algumas ficaram”, lembra, referindo que tem recebido convites das bases, a nível concelhio e distrital, para concorrer pelo partido às autárquicas, apesar de ter tido “um resultado muito mau no Aliança”.
Em meados de dezembro, o líder do PSD jantou com Pedro Santana Lopes num gesto de “reaproximação” entre os dois, mas Rui Rio afastou a “intenção política” do reencontro. à pergunta se gostaria de tentar de novo a candidatura à Câmara de Lisboa ou a Figueira da Foz, Santana alegou que isso “é passar ao segundo capítulo”. Embora não seja “hipócrita” e admita gostar muito do trabalho autárquico, nota que está muito bem como está, até porque “já não tem 30 nem 40 anos”, mas 64.
Em relação à situação do país em tempo de pandemia, Santana Lopes é da opinião que este é “um tempo tão grave” que deveria “existir um governo de emergência nacional, face ao agravamento da situação epidemiológico, “respeitando os resultados das eleições legislativas”. “Ouvi o primeiro-ministro a reconhecer que a situação não é má, é péssima. É preciso uma grande mobilização nacional”, defende, sublinhando que acha “absolutamente fantástico” que nenhum dos candidatos tenha falado num governo de emergência, por sermos “o único país que tem um Governo minoritário”, no momento de maior crise sanitária, económica e social das nossas vidas.
Leia também
Estado de emergência até ao verão admite Marcelo ao Expresso
À questão se é possível o PSD vir a aliar-se ao partido de André ventura nas legislativas, se a direita tiver maioria parlamentar, afirmou não querer contribuir para “esse caminho de falar mais do Chega nem fazer polémica com isso”. Embora refira que há uma série de posições do Chega com as quais discorda totalmente, Santana Lopes refere que também há posições do Bloco de Esquerda com as quais o PS também não concorda e, no entanto, “não se importa de ter o apoio do BE”.
Pedro Santana Lopes também não exclui vir a concorrer às presidenciais de 2026, afirmando: “Não sou hipócrita, nunca excluo completamente.”
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso