Passo a passo, é possível melhorar a saúde. Esta é a promessa das aplicações de smartphones e dispositivos de monitorização de atividade física, que registam diariamente os passos dados ao longo do dia.
Nos últimos anos, tem sido difundida a meta dos 10 mil passos diários como objetivo para alcançar uma vida saudável. No entanto, especialistas questionam se este número é realmente necessário e a partir de quantos passos por dia começam a existir benefícios para a saúde.
Segundo Pedro Saint-Maurice, investigador na Fundação Champalimaud, em declarações ao Viral, “não há um número mágico de passos que devemos dar por dia”. Os estudos mostram que adultos que dão mais passos têm um menor risco de mortalidade prematura, mas não existe uma evidência sólida que valide um número específico de passos para obter benefícios para a saúde.
Uma meta-análise realizada pelo The Steps for Health Collaborative concluiu que o intervalo entre 8 mil e 10 mil passos diários estava associado ao menor risco de mortalidade para menores de 60 anos. Outro estudo publicado no “European Journal of Preventive Cardiology” identificou uma redução da mortalidade por doenças cardiovasculares a partir dos 2337 passos por dia e da mortalidade por todas as causas a partir dos 3867 passos.
Hélder Dores, médico e professor, destaca que pequenos incrementos no número de passos diários podem trazer benefícios para a saúde, e qualquer atividade física é melhor do que nada. José Alberto Duarte, professor de fisiologia, salienta a importância da atividade regular ao longo do dia para combater o sedentarismo.
Os especialistas concordam que não é necessário realizar uma caminhada estruturada para obter benefícios para a saúde. Atividades do dia a dia, como caminhar até ao carro ou subir escadas, também contribuem para o número diário e são importantes para a saúde.
A origem da meta dos 10 mil passos remonta a uma campanha de marketing nos Jogos Olímpicos de Tóquio na década de 1960 e não tem uma base científica sólida. No entanto, esta meta influenciou muitos estudos futuros sobre o impacto na saúde.
O mais importante é ser fisicamente ativo, e qualquer incremento na atividade física pode trazer benefícios para a saúde, desde que seja feito de forma progressiva e não comprometa a capacidade adaptativa do indivíduo.
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