Sagres evoca a ponte de um navio largado às descobertas: “mar e céu, céu e mar, terra reduzida a torresmos e o sentimento do ilimitado”…!
A par de Fátima, é o local mais visitado do país. Por ali, passam mais de dois milhões de visitantes por ano. Porque, de Sagres, chega a brisa carregada de história que é património de todo o mundo.
Monumento de pedra, o promontório é – no dizer de Raúl Brandão – “um punho nodoso, com dois dedos estendidos para o mar: a ponta de Sagres e a ponta de S. Vicente”.
Foi neste local, não se sabe ao certo exactamente onde, com o abismo a cem metros de altura, que o Infante edificou a sua vila de Terçanabal, fundada com o objectivo de rivalizar com o golfo de Cádiz.
E é nas suas deambulações entre Sagres e Lagos que mobiliza e incentiva os marinheiros algarvios a ousarem ir além do Bojador, primeiros passos na exploração oceânica, desvendando caminhos de mar em horizontes desconhecidos.
Este promontório – lugar de reunião dos deuses – é local sagrado envolto numa atmosfera mítica desde a noite dos tempos. Para os romanos toda a área fazia parte do promontorium sacrum, de onde derivou o nome de Sagres, ponto extremo do Ocidente, onde o sol, no seu ocaso, faz ferver as águas do oceano.
Aqui teriam vindo dar os restos mortais de S. Vicente, cujas relíquias o rei D. Afonso Henriques mandou transportar para Lisboa. Trouxeram o corpo do santo de barco e durante toda a viagem foram acompanhados por dois corvos, cuja imagem ainda hoje figura nas armas de Lisboa em testemunho deste episódio extraordinário.
Sagres, a história, a lenda e o património. A beleza preservada de um litoral de dramáticos horizontes. Os testemunhos dos ritos pré históricos. Atractivos de um concelho periférico, onde a natureza se associa à história para lhe dar um carácter único e inviolável.
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