O Allium sativum é uma planta bulbosa originária da Ásia. O nome científico que possui deriva da palavra céltica “all”, que significa “pungente”. A palavra “sativum” significa “cultivado”. O alho (Allium sativum) é um bolbo maravilhoso que esconde propriedades fantásticas. Neste artigo apresento-lhe alguns motivos, baseados em evidências científicas, para que consuma alho todos os dias.
O alho combate infecções, pois possui propriedades antibacterianas potentes, podendo ser a resposta para a crescente questão da resistência bacteriana aos antibióticos, uma vez que se tem vindo a demonstrar o seu potencial activo em pelo menos 13 tipos de infecções tanto bacterianas como virais.
Um estudo comparou o alho ao antibiótico metronidazol no tratamento de infecções vaginais. Todos os dias, as mulheres que participaram do estudo receberam dois comprimidos de 500 mg de alho ou duas doses de 250 mg de metronidazol. Após sete dias, o alho reduziu a infecção activa em 70% comparado com 48% no grupo do medicamento, com a vantagem de que não apresentou efeitos colaterais, tornando-se uma aposta mais segura. Já o metronidazol provoca efeitos secundários como náuseas, diarreia, vómitos, dor de cabeça, tonturas e dor abdominal.
O Alho desacelera a Aterosclerose, inibindo a formação de placas ateroscleróticas. Num estudo duplo-cego, randomizado, controlado por placebo com 65 pessoas em risco de doença cardíaca, os investigadores deram diariamente aos indivíduos uma cápsula de placebo ou uma cápsula com extracto de alho envelhecido (250 mg) mais vitamina B12 (100 mcgs), ácido fólico (300 mcgs), vitamina B6 (12,5 mg) e o aminoácido L-arginina (100 mg). Mediram a quantidade de calcificação na artéria coronária no início do ensaio e no final. Depois de um ano a progressão da calcificação da artéria coronária foi significativamente reduzida no grupo a fazer o alho. O Alho diminui em 50% o risco de ataques cardíacos e derrames, através da redução de uma multiplicidade de factores de risco a eles associados. Tem vindo a ser demonstrado que afecta a arteriosclerose, os triglicéridos, a pressão sanguínea, a agregação de plaquetas e a viscosidade do plasma. Investigadores de Penn State observaram que os estudos relacionam a ingestão de alho com um risco de 38% a menos de sofrer problemas cardíacos em geral.
O alho protege o coração de calcificação. Um estudo publicado no International Journal Cardiology mostra que extracto de alho envelhecido ajuda a alterar a proporção de gordura branca para gordura castanha em torno do músculo cardíaco. A gordura branca em torno do músculo cardíaco está fortemente correlacionada com a calcificação da artéria coronária.
O estudo distribuiu aleatoriamente 60 indivíduos que receberam um placebo ou um suplemento com 250 mg de extracto de alho envelhecido diariamente. Após um ano, os riscos de progressão de cálcio na artéria coronária foram significativamente menores no grupo de suplemento em comparação com o grupo placebo. Os investigadores também constataram um aumento da gordura castanha benéfica em todo o músculo cardíaco.
Outro estudo randomizado controlado por placebo analisou o efeito do extrato de alho envelhecido em pacientes a fazerem tratamento com estatinas.
Durante um ano, os pacientes ingeriram um placebo ou 4ml de extratco de alho envelhecido. No final do ano, a taxa de calcificação coronária era 3 vezes mais lenta no grupo do extracto de alho envelhecido.
Os autores sugeriram que o alho pode revelar-se útil para os pacientes que correm um risco elevado de vir a sofrer de eventos cardiovasculares.
O alho diminui o impacto das constipações, reduzindo a incidência destas em 50%.
Os investigadores deram a 146 pessoas um placebo ou um suplemento de alho com 180 miligramas de alicina.
Após 12 semanas o grupo do placebo teve 65 constipações totais, enquanto o grupo de alho teve apenas 24. Além disso, o grupo de placebo teve um total de 366 dias de doença em comparação com o grupo de alho que teve apenas 111. Noutras palavras, o grupo de placebo tinha mais que o triplo do número de dias de doença do que o grupo do alho.
O alho também pode reduzir a gravidade dos sintomas da constipação. Num estudo duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, publicado no Clinical Nutrition, os investigadores deram a 120 pessoas um placebo ou 2,5 g por dia de um suplemento de extracto de alho envelhecido. Após seis meses, o grupo de alho tinha 58% menos constipações e passaram menos de 61% do tempo constipados. Além disso, o grupo de alho teve 21% menos sintomas quando ficaram constipados.
O alho é eficaz na desintoxicação por chumbo, reduzindo as concentrações de chumbo no sangue e tecidos. E é tão eficaz como uma droga da quelação comum. Um estudo publicado na revista Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology comparou o alho ao medicamento de quelação conhecido por d-penicilamina.
Os investigadores mediram as concentrações de chumbo no sangue de 117 trabalhadores de uma fábrica de baterias de carro. Depois foram distribuídos aleatoriamente para ingerirem alho (1,2 miligramas de alicina – cerca de 1000 mg de extracto de alho – três vezes ao dia) ou d-penicilamina (250 mg, três vezes ao dia).
Após quatro semanas, tanto o medicamento como o alho reduziu significativamente as concentrações de chumbo no sangue na mesma quantidade aproximadamente. Mas o alho também melhorou os sintomas clínicos, enquanto o medicamento não o fez. O alho reduziu expressivamente a irritabilidade, dores de cabeça, reflexo do tendão e pressão arterial sistólica sem efeitos secundários.
Os investigadores concluíram que o alho é clinicamente mais seguro e tão eficaz como a d-penicilamina. Portanto, o alho pode ser recomendado para o tratamento de envenenamento por chumbo leve a moderado.
O alho tem vindo a comprovar diversas vezes ser seguro e eficaz, como tal, comer e cozinhar o alho inteiro fresco uma óptima maneira de obter os seus benefícios diariamente.
Devemos consumir o alho recém esmagado ou cortado mas deixá-lo assentar uns minutos para que a alicina se desenvolva plenamente.
(Artigo publicado no Caderno Semear Saúde)