O presidente da Câmara de Faro manifestou-se, na passada terça-feira, contra as demolições previstas para os núcleos das ilhas do Farol e Hangares, na Ria Formosa, e defendeu a concessão da gestão daqueles espaços ao município.
“Ninguém ganha rigorosamente nada em demolir aqueles núcleos [Farol e Hangares] porque não há factores de risco”, disse à Lusa Rogério Bacalhau, após uma reunião com a comissão específica de acompanhamento do processo de renaturalização previsto para a Ria Formosa, no âmbito do programa Polis.
Segundo aquele responsável, há falta de coerência no tratamento dado aos diferentes núcleos habitacionais, tendo apontado que no caso da ilha da Armona a gestão foi concessionada à Câmara de Olhão, o núcleo da ilha da Culatra vai manter-se, o núcleo dos Hangares está previsto ser demolido na sua totalidade, ou seja, 159 edifícios (dois de primeira habitação), e no núcleo do Farol as habitações localizadas na área anteriormente gerida pelo antigo Instituto Portuário e de Transportes Marítimos vão manter-se e as restantes 217 casas (duas de primeira habitação) estão na lista de casas a demolir.
“Isto não tem coerência nenhuma”, vincou Rogério Bacalhau, observando que naquela zona não estão identificados factores de risco para pessoas, bens ou ambiente.
Autarca tem reunião agendada com ministro do Ambiente para Julho
Aquele responsável considera que a situação destes dois núcleos piscatórios é diferente da Península do Ancão, conhecida como Praia de Faro, onde diz compreender os motivos que levaram à criação de um plano de intervenções que incluem demolições.
“Na Península do Ancão entendo que deve haver uma intervenção com as demolições que forem necessárias, para repor aquele cordão dunar e salvaguardar toda aquela faixa. No caso da ilha da Culatra, essa situação não se coloca”, observou o presidente da câmara de Faro.
Não conformado com o plano de intervenções actual para aquelas ilhas do concelho de Faro, localizadas na Ria Formosa, Rogério Bacalhau tem vindo a apresentar os seus argumentos junto do ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, com quem tem uma reunião agendada para Julho.
“Estamos a falar de investimentos muito caros [três milhões de euros] e, numa situação em que o país se encontra em dificuldades financeiras, as prioridades não serão estas e não vale a pena estar a gastar o dinheiro em algo que muito pouca utilidade tem ou nenhuma”, vincou.
O Programa Polis Litoral foi criado em 2008 com vista à criação de uma política integrada e coordenada para as zonas costeiras e originou um plano de operações de requalificação e valorização de zonas de risco e de áreas naturais degradadas situadas no litoral, lê-se no sítio electrónico oficial.
A Ria Formosa foi abrangida por este programa, tendo desde 2008 vindo a ser desenvolvidos vários projectos, obras e planos de intervenção, entre os quais vários planos de demolições de casas edificadas nas ilhas e que albergam comunidades piscatórias.
O plano de demolições tem vindo a ser contestado pelas comunidades piscatórias, cujos núcleos habitacionais constam na lista de demolições a realizar.
(Agência Lusa)