Equipamentos vandalizados e partidos, bebedouros sem água, relvados sem manutenção e casas de banho sem higiene são algumas das queixas de residentes que usam a Alameda, o principal jardim de Faro, para passear com os filhos e netos.
A centenária Alameda João de Deus, paredes meias com a biblioteca municipal da capital algarvia, é o maior e mais emblemático jardim da cidade, ponto de encontro para as famílias, que ali se deslocam para usar os parques infantil e geriátrico, o ringue de patinagem ou o campo de minigolfe.
Contudo, a degradação que se verifica no espaço – sobretudo no parque infantil, com o maior escorrega inacessível, cercado por tábuas de madeira, e o pavimento desnivelado, entre outros problemas – está a gerar descontentamento entre os residentes.
Era a jogar minigolfe ou a brincar às escondidas nos corredores da Alameda que Maria Rodrigues passava boa parte do seu tempo livre na infância, mas hoje o cenário que encontra quando lá vai com as filhas em nada se parece com o bonito jardim que conheceu em criança.
Por considerar que o espaço carece de limpeza, que o parque infantil é agora “muito perigoso” e que nos sanitários “a vergonha é idêntica”, a munícipe decidiu apresentar uma queixa, no final de junho, à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), responsável por fiscalizar o espaço.
A denúncia foi remetida pela ASAE às autoridades de saúde pública, cujos técnicos constataram a “degradação das instalações sanitárias”, assim como a falta de manutenção do parque infantil, nomeadamente os acessos para os escorregas, que colocam “em risco a segurança dos utilizadores”.
Na resposta, datada de final de Julho e a que a Lusa teve acesso, o coordenador da unidade de saúde pública do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Central do Algarve pede mesmo à autarquia que sejam “promovidas de imediato as intervenções necessárias para criar as condições sanitárias, de higiene e de segurança adequadas para a utilização” daquele espaço.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, reconheceu que o espaço precisa de ser intervencionado e adiantou que a autarquia está a preparar um projecto de requalificação para a Alameda que poderá avançar no próximo ano.
“Terá que ser uma intervenção de fundo, sob pena de pequenos retoques de maquilhagem não resultarem em termos de resultado final”, afirmou, assumindo que este não é um problema exclusivo da Alameda, mas de praticamente todos os parques infantis do concelho, que são mais de 40.
Actualmente existem apenas 12 funcionários para a manutenção dos espaços verdes no concelho, mas a autarquia reservou uma verba de 351 mil euros, provenientes do saldo de gerência de 2015, para investir em maquinaria e na contratualização do serviço a uma entidade externa, entre outros.
Membro da Assembleia da União de Freguesias de Faro, Julieta Paradinha disse à Lusa que intervém sobre o assunto “sempre que há assembleia de freguesia”, uma batalha antiga, mas que disputa com gosto, já que foi ali que ‘criou’ filhos e netos.
Eleita como independente, a autarca está tão cansada de não haver água nos bebedouros que jura que vai pagar do seu bolso uma torneira, que “não custa mais de 30 euros”, para que pelo menos um deles passe a funcionar.
O presidente da União de Freguesias de Faro, Joaquim Teixeira, confessou à Lusa que é uma “desolação” ver o estado de degradação a que chegou o principal jardim da cidade, mas sublinhou que aquele organismo não pode intervir.
“É uma pena, porque aquilo dá acesso a uma das principais instituições de educação e cultura da cidade, que é a biblioteca municipal”, referiu, notando que a Alameda seria o local ideal para criar na cidade “uma ambiência cultural”.
(Agência Lusa)