Álvaro Leal foi o protagonista central que acabou por viabilizar o executivo minoritário do PS à Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, contra a vontade oficial da coligação da CDU que liderou.
O vereador reeleito da CDU manteve o silêncio até ontem à noite. Aguardava a resposta que tinha solicitado “à coordenadora da CDU de VRSAntónio”, explica em comunicado enviado ontem à noite à redação do POSTAL, que torna público a justificação da sua decisão contra o seu próprio partido.
“Decidi aceitar a vereação em regime de permanência e assumir responsabilidades em pelouros como o Desporto, Juventude, Ambiente e a Modernização Administrativa, entre outros, porque é a opção mais responsável, a que melhor serve a nossa terra e aquela para a qual fui aconselhado pelos muitos candidatos e apoiantes da lista que encabecei”, esclarece.
Álvaro Leal confessa ter tomado “a decisão mais difícil da minha vida, mas fi-lo de forma muito ponderada e consciente que é a mais benéfica para presente e futuro do meu concelho e sem olhar aos interesses partidários”.
Diz que esperava que a CDU continuasse a acompanha-lo “nesta caminhada, que nunca desejei fazer sozinho, mas infelizmente, a Direção Regional do PCP não permitiu que os anseios dos Vila Realenses fossem ouvidos e respeitados”.
“A situação gravosa do nosso concelho é conhecida por todos e merece que cada um de nós faça os sacrifícios necessários para inverter esta situação”, relembra o vereador eleito pela CDU, cujo o lema de campanha da sua candidatura era “Recuperar Vila Real de Santo António”.
Álvaro Leal lamenta e entende que “a opção proposta pelo PCP levaria a reuniões de câmara exaustivas, sem resultados positivos e, consequentemente, só prejudicaria, em muito, o funcionamento regular que é necessário implementar no município e que poderia levar a uma situação similar à que se viveu em Castro Marim em 2019 e que em nada contribuiu para desenvolvimento do concelho vizinho e que, na nossa realidade, só beneficiaria o retorno do PSD de Luís Gomes”.
Garante, na sequência do acordo que fez com o executivo autárquico do PS, que no exercício do seu atual mandato, “irei manter a minha independência e os valores que nortearam a minha candidatura e a minha vida”. Diz igualmente que espera e deseja “o apoio de todos e desde logo da CDU”.
“Estou certo que o tempo e o trabalho da equipa que irei escolher, irão provar o quanto acertada foi esta decisão, porque aquilo que sempre quisemos foi trabalhar por Vila Real de Santo António“, conclui na nota que subscreveu.
OBRIGADO A TODOS!
Após os últimos resultados autárquicos, Álvaro Araújo escreveu na sua página de candidatura pela CDU de Facebook que “não sendo o resultado esperado e desejado, acabou por ser um resultado que nos permite continuar a trabalhar com o intuito de recuperar o nosso concelho. A todos os que acreditaram em nós, muito obrigado. A todos os nos apoiaram, muito obrigado. A todos os que fizeram parte da nossa equipa, em nome da CDU, obrigado! Agora resta-nos continuar a trabalhar com a mesma vontade e determinação em prol de Vila Real de Santo António”.
Na sua página oficial de candidatura, pode ler-se ainda que “nos últimos 4 anos, Álvaro Leal destacou-se como representante dos interesses dos trabalhadores e das populações de Vila Real de Santo António, enquanto vereador da CDU. No escrutínio e combate à ação do PSD na autarquia, no contacto diário com os trabalhadores e população do concelho, ouvindo os seus problemas e colocando-os na Câmara Municipal, na apresentação de diversas propostas nas reuniões de câmara”.
É igualmente dito que “a intervenção de Álvaro Leal inseriu-se na afirmação de uma alternativa para este concelho”.
Álvaro Leal, natural de Vila Real de Santo António, é informático de profissão, casado, tem 48 anos, 3 filhos e foi vereador na oposição no executivo liderado pela social-democrata Conceição Cabrita, que se demitiu após suspeitas de corrupção. Durante a manhã desta sexta-feira, Álvaro Leal aceitou o cargo de vereador permanente, com pelouros no executivo socialista da Câmara de Vila Real de Santo António, mas mantendo a sua “total autonomia” e independência, justificando esta manhã ao POSTAL que era “a opção mais responsável e coerente” com a campanha que ele e a CDU defenderam: “Recuperar Vila Real de Santo António”.