A época de recolha de sal marinho e flor de sal em Castro Marim, está em curso, com técnicas tradicionais recuperadas após anos de abandono e com os empresários à espera de aumentos na produção.
As salinas reabilitadas pelas empresas Água Mãe e Sal Marim apresentam especificidades próprias, com a primeira a apostar num modelo de negócio que alia o sal a actividades turísticas e a segunda a enveredar pela especialização na flor de sal e na investigação científica do produto.
“Aquilo que se faz tradicionalmente é a apanha do sal marinho e da flor de sal”, disse Pedro Rosa, da Água Mãe, referindo-se à actividade principal da empresa, que disponibiliza também aos turistas banhos em águas altamente salinas e tratamentos com as argilas.
Pedro Rosa explicou que o processo de recolha do sal “é todo tradicional” e “ainda obedece às tradições milenares”, com o trabalho a ser feito “com utensílios de madeira”.
“Parte [do trabalho], é o salineiro que faz, a outra parte é a própria natureza”, disse o empresário, acrescentando que “não existe intervenção de qualquer ajuda mecânica, é tudo o esforço humano e a própria natureza a trabalhar”.
É complicado arranjar pessoas que tenham o saber para trabalhar
O responsável da Água Mãe reconheceu, no entanto, que “é complicado arranjar pessoas que tenham o saber para trabalhar” no sal.
Com a campanha de recolha do sal e flor de sal em curso, Pedro Rosa traçou as metas para a produção e disse esperar ultrapassar as “320 toneladas de sal marinho e, sensivelmente, 12 de flor de sal” do ano passado.
“Este ano, apesar de termos começado mais tarde, o tempo promete melhorar, o Setembro promete ser quente e calculamos que podemos recuperar e chegar às 350 toneladas de sal marinho e 16 de flor de sal”, estimou.
Já Jorge Raiado, da Sal Marim, explicou à Lusa que a sua empresa trabalha quase em exclusivo com flor de sal, que é “colhida ao final da tarde”, depois de a “água mais doce que está na salina evaporar” e deixar “apenas os cristais de sal à superfície”.
A Sal Marim tem trabalhado para um mercado específico de cozinheiros e apostado na produção de flor de sal de qualidade “gourmet” para exportação, produzindo conhecimento científico em colaboração com universidades para rentabilizar ao máximo uma área de produção que “aumentou este ano” e pode, também, representar uma subida nas quantidades produzidas.
“Aqui, em média, nas nossas salinas, estamos com 5,5 a seis toneladas. Neste momento temos um aumento da área de produção e gostava de chegar às dez toneladas, mas o Verão não tem estado a ser o ideal. Temos tido dias demasiado quentes, temos tido muitos ventos, mas estamos a jogar com isso e, se conseguir apanhar oito ou nove toneladas, estou satisfeito e consigo neste caso arrancar para outro mercado externo”, afirmou.
Como “todo o produto está escoado”, Jorge Raiado disse que não pode assumir mais compromissos enquanto a produção não aumentar, mas confia que a investigação científica realizada na empresa vai permitir rentabilizar ao máximo as salinas e chegar a novos mercados.
(Agência Lusa)