Através de um protocolo celebrado com o Banco Alimentar do Algarve, a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAP Algarve) cedeu 2.670 metros quadrados dos seus terrenos para a ‘Horta Solidária’, um projecto que nasceu de uma parceria entre a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome e os Estabelecimentos Prisionais e de Reinserção Social.
“O protocolo com a DRAP Algarve surgiu do facto dos estabelecimentos prisionais de Silves, Olhão e Faro não terem terrenos agrícolas e a ideia foi aproveitar alguns dos terrenos sem uso da DRAP Algarve”, disse ao POSTAL Nuno Alves, presidente do Banco Alimentar do Algarve.
O principal objectivo da ‘Horta Solidária’ é a integração social dos vários reclusos que integram o projecto e o presidente do Banco Alimentar do Algarve afirma que “a maior parte dos reclusos que temos ajudado conseguem trabalho quando saem dos estabelecimentos prisionais”. No projecto, o Banco Alimentar do Algarve trabalha em primeira instância com o Estabelecimento Prisional de Olhão e em alguns casos também com o Estabelecimento Prisional de Faro. O objectivo, refere Nuno Alves, “é que estes reclusos ganhem rotinas de trabalho para que depois quando saírem em liberdade condicional se sintam integrados na sociedade”.
Projecto tem instituições parceiras nas mais diversas áreas
Como os terrenos se situam fora das prisões e os reclusos não podem sair todos os dias, o Banco Alimentar do Algarve tem mais cinco instituições parceiras, de áreas distintas, que ajudam a manter o projecto. Ao Movimento de Apoio à Problemática da SIDA (MAPS) e ao GATO (Grupo de Ajuda a Toxicodependentes), juntam-se a Existir (Associação de Reabilitação de População Deficiente e Desfavorecidos), a AAPACDM (Associação Algarvia de Pais e Amigos de Crianças Diminuídas Mentais) e a ASMAL (Associação de Saúde Mental do Algarve), todas associações da região com expressão na área do apoio social.
Além da cedência de terrenos, os profissionais da DRAP Algarve dão todo o apoio técnico neste projecto que Fernando Severino considera “muito interessante mas ainda pouco conhecido”. Ao POSTAL o director regional da DRAP Algarve disse que “aqui as culturas são feitas em modo de produção biológico e o facto da mão-de-obra ser nacional é importante para divulgar o sector agrícola na nossa sociedade, através de um projecto que tem também uma função social bastante importante”. Ao longo do primeiro ano e meio de “Horta Solidária”, “foram produzidas 12 toneladas de alimentos que permitiram melhorar a alimentação das 18 mil pessoas que apoiamos”, refere Nuno Alves, acrescentando ainda que “é muito gratificante para o Banco Alimentar poder ajudar estas pessoas e ver os sorrisos e a alegria delas quando vêm trabalhar”.
(Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire)