Uma refeição não deve representar apenas um momento para se alimentar, mas deve ser sim uma experiência gastronómica, um momento de prazer. Existem vários pratos tradicionais que proporcionam almoços ou jantares muito saborosos. Contudo, muitos portugueses sentem um apreço especial pela parte da sobremesa. Esta é a etapa de adoçar a boca. A sobremesa revela-se um mimo que se dá a si mesmo. Em Portugal, podemos encontrar sobremesas que são verdadeiras tentações. Entre as mais populares e saborosas está a sericaia. Já provou sericaia? É uma iguaria verdadeiramente deliciosa e pode aprender a fazê-la em casa com alguns passos simples.
O que é a sericaia?
Este doce conventual tem origem no Alentejo. A sericaia é um doce alentejano feito com ingredientes que são comuns na doçaria portuguesa. Os ovos e a canela são elementos chave nesta sobremesa, pois apresentam-se em abundância na sericaia.
Para fazer este doce guloso, são necessários outros ingredientes. A sericaia é feita à base de leite (liquido ou em pó), farinha e açúcar. A sericaia consiste num doce cozido no forno que proporciona uma experiência memorável. Ele apresenta uma camada superior de claras, dispostas às colheradas desencontradas, e revela rachas que concedem à sobremesa um aspeto rústico.
História do prato
Embora não haja consenso sobre a origem da receita, são várias as referências feitas às suas origens indianas, brasileiras e portuguesas. A receita deste doce típico alentejano terá tido a influência de uma sobremesa que se encontrava noutra parte do mundo.
Provavelmente, a sua origem remonta a um tempo distante, mais precisamente ao século XVI. D. Constantino de Bragança, homem que governou a Índia, trouxe do Oriente a receita de uma sobremesa que era bastante apreciada nesta zona geográfica.
Em Portugal, a sobremesa está associada ao Alentejo. Alfredo Saramago refere na obra Gastronomia e Vinhos do Alentejo (2000) o seguinte: “a dúvida nunca mais se resolve. Uns dizem que a receita veio da Índia, outros que ela veio do Brasil. O que é certo é que desde os tempos da nossa Expansão que a sericaia ou sericá era executada, com todo o esmero, por dois conventos alentejanos que se arrogavam de direitos de importação da receita” (p. 242).
Os conventos referidos pelos autos são o Convento das Chagas de Cristo em Vila Viçosa e o Convento de Santa Clara em Elvas. É possível encontrar uma observação fascinante sobre este doce no Receituário do Convento de Santa Clara de Elvas (1623). A nota é a seguinte:
“Era coisa tida nas partes do Oriente, tendo provindo de Malaca para Goa, por posse dos Padres Jesuítas, que a fizeram às freiras do Convento de Santa Mónica, as quais desde cedo a muniram, sendo muito apreciada entre as gentes de bem da dita Praça.”
No referido documento, é ainda dito:
“Do governo de Goa por D. Constantino, ia esta à sua mesa, sendo de bem e gosto por este tomada. De vinda ao reino e tomando a sua casa na Vila Viçosa, na era de (1)562 a entregou às Irmãs de Santa Clara do Convento das Chagas de Christo da dita Vila, a qual a muniram de modo na sua terra”.
No mencionado Receituário do Convento de Santa Clara de Elvas, a informação recolhida fica mais completa com a seguinte observação:
“Viera para esta Casa de Santa Clara de Elvas, no ano de 1584, por obra da nossa admirada Irmã Maria da Purificação, que a passou a munir nesta Casa e desta para as demais da nossa Ordem nas partes do Alentejo.”
Independentemente da sua origem, a sericaia tornou-se numa sobremesa tradicional portuguesa muito apreciada. Tradicionalmente, esta sobremesa era levada ao forno em pratos de estanho que eram comuns nas velhas casas senhoriais.
Com o tempo, tornou-se mais atrativo usar pratos de faiança. As famílias que apresentavam boa baixela aproveitavam essas peças que garantiam uma apresentação mais rica para cozer e servir a sericaia.
Antigamente, a sericaia era feita num forno de padeiro, de lenha, porque assegurava a temperatura elevada que era necessária para garantir que a cobertura desta sobremesa abria as suas tradicionais fendas.
Receita de Sericaia
Ingredientes
- 6 ovos (M)
- 1 pau de canela
- 1 tira de limão (casca)
- 200 g de açúcar
- 500 ml de leite meio-gordo
- 1 c. de sopa de farinha
- 1 c. de sopa de amido de milho
- canela em pó q.b.
Modo de Preparação
- Comece por colocar todos os ingredientes listados próximos de si, à disposição.
- Primeiro, coloque os 500ml de leite num tacho.
- No imediato, junte a casca de limão, o pau de canela e o açúcar.
- Em seguida, leve ao lume, deixe que ferva e reserve.
- Posteriormente, parta os ovos e separe as gemas das claras.
- Então, bata as claras em castelo.
- Depois, junte as duas colheres de sopa de leite às gemas.
- Faça o mesmo com a farinha e o amido de milho.
- Agora, com uma vara de arames misture bem até o preparado ficar bem liso.
- Em seguida, adicione este preparado ao tacho com o leite.
- Posteriormente, leve o tacho novamente ao lume e vá mexendo.
- Deve mexer o preparado sem parar, até engrossar.
- Tenha em conta que este momento pode demorar até 15 minutos.
- Depois, retire do lume, mas continue a mexer até que arrefeça.
- No imediato, pré-aqueça o forno e coloque-o a 180 °C.
- Então, junte as claras em castelo, aos poucos e vá envolvendo.
- Posteriormente, coloque esta mistura num prato de barro e não alise, abane.
- Por fim, polvilhe com bastante canela.
- Segue-se o momento de levar ao forno.
- Então, aguarde que comece a levantar e a formar aberturas no topo.
- Após esse momento, deixe cozer por mais meia hora.
- Faça o teste do palito para verificar se está pronto.
- Após inserir o palito, basta conferir se o mesmo está seco.
- Se estiver, a sobremesa está pronta.
- Bom proveito!
Esta sobremesa destina-se a 6 pessoas, sendo feita em apenas 1 hora.
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