A Associação Nacional de Conservação da Natureza (QUERCUS) defendeu, em comunicado, que são “inadiáveis” as demolições de casas nas ilhas-barreira da Ria Formosa, como forma de defesa daquele ecossistema.
“Actualmente, o sistema de ilhas-barreira da Ria Formosa encontra-se em risco devido aos previsíveis efeitos das alterações climáticas, pelo que a retirada de edificações e a posterior renaturalização e alimentação do cordão dunar apresentam-se como inadiáveis”, considerou a Quercus.
O projecto de renaturalização da Ria Formosa, a cargo da Sociedade Polis Litoral da Ria Formosa, aponta para a demolição de 800 construções de segunda habitação e arrancou no início de Dezembro nos ilhotes dos Ramalhetes e de Cobra.
As demolições incidem sobre as ilhas-barreira dos concelhos de Faro e Olhão onde estão instaladas, em área do domínio público, comunidades que têm na sua origem famílias de pescadores da Ria Formosa e que têm contestado o processo.
Duzentos manifestaram-se contra as demolições frente à Assembleia da República
Cerca de 200 pessoas manifestaram-se contra as demolições à porta da Assembleia da República a 6 de Março, dia em que a maioria parlamentar do PSD/CDS-PP rejeitou três projectos de resolução da oposição que pretendiam suspender as demolições a decorrer na ria Formosa.
O argumento da defesa da Ria Formosa está, também, presente no discurso de quem é contra as demolições.
Em Fevereiro deste ano, o presidente da Câmara de Olhão disse à Lusa que as intervenções urgentes na área da Ria Formosa são a abertura das barras, a desobstrução e limpeza dos canais e um projecto de ajuda às autarquias para resolver os casos de esgotos encaminhados para a Ria sem tratamento.
“Como é que num espaço como a Ria Formosa, que necessita de um cuidado ambiental extremo, se põe como prioridade jogar casas abaixo?”, questionou.
Perante a contestação sobre o processo de demolições em curso, a Quercus sublinhou que “este representa a única situação que garante a perpetuação deste ecossistema único”, cujas ilhas-barreira protegem a orla costeira e defendem bens e pessoas contra “os cada vez mais prováveis eventos catastróficos de origem natural”.
Aquela associação assegurou estar a acompanhar o processo de demolições e remoção de entulhos, tendo pedido esclarecimentos à Agência Portuguesa do Ambiente para garantir que estão a ser garantidas todas as medidas de gestão de resíduos daí resultantes.
(Agência Lusa)