Quase um terço das pessoas que tiveram alta de um internamento por problemas de saúde relacionados com a covid-19 em Inglaterra regressam ao hospital pela mesma razão num espaço de cinco meses – e uma em cada oito morrem, de acordo com um novo estudo conduzido por vários especialistas na área de análise de dados que recolheram dados do Instituto Nacional de Estatística do Reino Unido e junto de centenas de médicos de clínica geral.
Apesar de os autores do estudo ainda não terem pedido a revisão das suas conclusões a outros profissionais, estas não envolvem qualquer descoberta científica – é uma mera, ainda que algo alarmante, contabilização das pessoas que entram nos hospitais com covid-19 e que depois regressam com os mesmos sintomas, algumas com manifestações mais exacerbadas da doença.
O estudo está a ser lido como um aviso sério à longevidade (e gravidade) que os sintomas de covid-19 podem atingir – “long covid” é a expressão usada nos meios de comunicação social ingleses para se referirem aos casos em que a doença demora mais a desaparecer -, isto mesmo depois de se terem verificado melhorias significativas nos doentes que contraem o vírus.
De um universo de 47.780 indivíduos que deram entrada no hospital entre janeiro e agosto de 2020, 29,4% voltaram a precisar de assistência nos 140 dias que se seguiram à primeira admissão e 12,3% acabaram por morrer. O estudo mostra também que os problemas no funcionamento normal de vários órgãos depois da alta hospital em pessoas com menos de 70 anos e em pessoas provenientes de minorias étnicas é também mais prevalecente do que era até agora conhecido.
“Fala-se muito das mortes por covid-19 mas há outros problemas a analisar. A noção de que o risco de readmissão é assim tão grande, até em pessoas mais novas, significa que o trabalho que temos pela frente é imenso”, disse ao diário britânico “Guardian” a médica intensivista e professora nessa mesma área na Universidade de Cambridge, Charlotte Summers.
Apesar de não ser possível ainda aos médicos e cientistas avaliar as consequências destas longas convalescenças, em Inglaterra a preocupação tem subido de tom. O Instituto Nacional de Estatística publicou recentemente um estudo onde mostra que um quinto das pessoas que contraem covid-19 ainda mostram sintomas da doenças cinco semanas depois te terem sido infectadas e metade dessas continuam a sentir efeitos da doença pelo menos por 12 semanas.
Nos Estados Unidos, as histórias de pessoas que tiveram de regressar ao hospital várias vezes também são cada vez mais comuns. O “New York Times” escreveu recentemente sobre Chris Long, um homem de 54 anos que já foi hospitalizado sete vezes e continua a ter os mesmos sintomas – primeiro começa a tossir incontrolavelmente, depois vêm as febres baixas, depois os pulmões enchem-se de líquido que ele também começa a expelir na tosse e volta ao hospital. “Isto nunca vai passar, parece que esta é a minha única forma de andar para a frente no curto prazo”, disse ao diário norte-americano no fim de dezembro.
Um estudo realizado pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, com um universo de 106.543 pacientes com covid-19, internados inicialmente entre março e julho de 2020, descobriu que um em cada 11 foram readmitidos dois meses após terem tido alta, sendo que 1.6% por cento dos pacientes regressaram mais do que uma vez ao hospital.
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS EM QUEM NÃO OS TINHA
Um dos problemas mais graves nas pessoas com covid-19 é a capacidade respiratória, que pode ficar altamente prejudicada, ou até desaparecer, sendo que aí são as máquinas que têm de oxigenar o sangue até o vírus desaparecer do corpo. Já depois de terem alta, segundo o estudo publicado em Inglaterra esta segunda-feira, 29,6% das pessoas que regressaram ao hospital foram diagnosticadas com problemas respiratórios, sendo que quase metade não tinham qual historial relacionado com qualquer doença do sistema respiratório.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso
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