Sou suspeita, tenho 7 cães e todos são preferidos, mas a Ginja Maria, é a Ginja Maria.
Ela tem o dom de encantar o mundo, é o seu super poder. Já Caetano Veloso cantava, “Olha que coisa mais linda mais cheia de graça. É ela, menina, que vem e que passa. Num doce balanço, caminho do mar”.
Ela é doce, é serena. Ela tem um brilho no olhar que parece que contém todas as estrelas de mim universos. E quando ela olha para mim, todos os meus muros desabam. Com ela não tem de haver máscaras, sinismos, falsidade, com ela posso ser apenas eu.
Os cães têm uma grande vantagem em relação aos simples humanos, eles não conseguem mentir. São seres feitos exclusivamente de verdade.
Sempre que chego, é como se começasse um novo dia, porque a felicidade que ela transmite consegue fazer-me ultrapassar qualquer tristeza.
Sei que não sou só eu, todos sabemos os vários olhares das nossas Ginjas. E como elas conseguem tudo o que querem.
Faz-me doer um bocadinho o coração quando sabemos que por aí fora, existem milhares de patudos, abandonados, sozinhos, sem brilho no olhar, sem alegria, sem ninguém.
Quando fico triste, ela sabe, e vem sorrateiramente encostar-se a mim, eu não digo nada, ela não diz nada, ninguém diz nada. Porque não é preciso, porque aquele pequeno gesto, faz com que o Mundo pare, com que não haja tristeza. Nem que seja por breves momentos.
Todos os dias, tiro momentos para observar os meus cães, como valorizam as coisas mais simples, uma libelinha que voa no jardim, uma poça de águas das primeiras chuvas de outono.
E você? Qual foi a última vez que apenas parou, que observou, que absorveu o mundo que o rodeia??
Para muitos um cão é apenas um cão, para mim são filhos, são parte do meu mundo. São sorrisos, são baba, são pelo por todo o lado, são o brilho de universos num simples olhar.
E quando ela suspira??
Quando ela suspira, eu sei que está tudo bem, sei que vai ficar tudo bem, sei que ela está ali.
Para todas as Ginjas, patudos e todos aqueles que nos fazem sorrir.