O PSD de Vila Real de Santo António lamentou os “acontecimentos” que levaram à renúncia da presidente da Câmara local, Conceição Cabrita, e desejou que a sua militante possa provar a inocência relativamente às acusações de corrupção.
A autarca de Vila Real de Santo António renunciou ao mandato na quinta-feira, pouco antes de sair em liberdade do tribunal de Évora, onde foi submetida a primeiro interrogatório judicial com outros três detidos da “Operação Triângulo” e de onde saiu com proibição de contactos entre si e com o deputado António Gameiro.
Conceição Cabrita, que renunciou ao mandato autárquico com “efeitos imediatos”, é suspeita de “um crime de corrupção passiva de titular de cargo político” e de “um crime de prevaricação de titular de cargo político”, segundo o juiz presidente, que a proibiu de “permanecer nas instalações e de contactar os serviços da Câmara de Vila Real de Santo António”, como medida de coação.
Num comunicado divulgado pelo Facebook, o presidente do PSD de Vila Real de Santo António e candidato social-democrata à Câmara, Luís Gomes, refere que o partido “lamenta os recentes acontecimentos” que “levaram à detenção e posterior renúncia da sua militante ao cargo de presidente da autarquia” e manifestou o desejo de que “possa provar o mais rapidamente a sua inocência dos crimes que eventualmente lhe possam vir a ser imputados”.
“Elogiamos o ato de renúncia de Conceição Cabrita que demonstra a total disponibilidade em colaborar com a justiça em todo o processo”, pode ainda ler-se no comunicado assinado por Luís Gomes, antecessor de Conceição Cabrita na presidência da Câmara de Vila Real de Santo António.
O PSD de Vila Real de Santo António somou-se assim ao presidente da comissão política distrital de Faro do PSD, David Santos, que na quinta-feira disse ter recebido com “surpresa” a notícia da detenção da autarca e esperar que a autarca possa demonstrar a sua inocência.
Segundo o juiz presidente do tribunal de Évora, há cinco arguidos neste caso, que envolveu quatro detenções na terça-feira, no âmbito da “Operação Triângulo”, desencadeada pela Diretoria do Sul da Polícia Judiciária (PJ).
Os arguidos são a presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Conceição Cabrita, o empresário Carlos Alberto Casimiro de Matos, não só a título individual, mas também na qualidade de representante legal da Sociedade Saint Germain – Empreendimentos Imobiliários SA, João Faustino Ribeiro e José Maria Mateus Cavaco Silva.
A autarca e mais três pessoas – dois empresários e um funcionário da autarquia – foram detidas na terça-feira de manhã pela PJ por suspeitas de corrupção, recebimento indevido de vantagem e abuso de poder na intermediação num negócio imobiliário em Monte Gordo, Vila Real de Santo António, no Algarve, avançou a polícia em comunicado.
O negócio imobiliário que esteve na origem das detenções envolveu a venda de um terreno em Monte Gordo, por 5,6 milhões de euros.