A nata mundial da paremiologia reuniu mais uma vez em Tavira para participar na 11ª edição do Colóquio Interdisciplinar sobre Provérbios (ICP17) coordenado por Rui Soares, presidente da Associação Internacional de Paremiologia (AIP).
Entre 5 e 12 de Novembro, cerca de 100 especialistas em representação de 26 países de todo o mundo, entre os quais economistas, linguistas, paremiólogos e outros peritos internacionais, marcaram presença no Hotel Vila Galé para dar corpo ao evento do qual resultaram múltiplas reflexões que Jorge Botelho, presidente da Câmara local, acredita serem “contributos sólidos para a linguística, para a tradição e para a nossa cultura”.
O colóquio que é já uma marca da cidade de Tavira, funciona todos os anos como um ponto de encontro para os muitos profissionais que por ali passam. “As pessoas que vêm aqui têm de mostrar em 30 minutos aquilo que muitas vezes representa um trabalho de 30 anos”, refere Rui Soares. “A grande importância destes colóquios é justamente proporcionar um encontro entre essas pessoas que muitas vezes se conhecem apenas pelas referências bibliográficas e nunca se viram. É realmente aqui que se têm encontrado e por isso mesmo até adaptaram o provérbio “todos os caminhos vão dar a Roma” para “todos os caminhos vão dar a Tavira”, disse ao POSTAL o presidente da AIP.
Evento promove a cidade de Tavira e a cultura de todo o país
Além de promover a cidade de Tavira, o Colóquio Interdisciplinar sobre Provérbios mostra a todos os seus participantes vários locais do país, sem nunca repetir o mesmo sítio. Um fim-de-semana em viagem, este ano por Viana do Alentejo e Albufeira, assinala o término de uma intensa semana de trabalho. “É uma possibilidade de relaxar e de mostrar aos representantes dos vários países aqui presentes um pouco do nosso Portugal, transmitindo-lhes também os nossos valores”.
A cultura portuguesa é rica em provérbios e para Alexandra Gonçalves, directora regional de Cultura do Algarve, “a força das palavras ganha um peso reforçado com os provérbios”. A AIP acredita que “os provérbios são uma espécie de almofada para atenuar o efeito de embate de certas coisas e há muitas situações em que se acalmam as pessoas dizendo exactamente naquela altura o provérbio adequado à situação”. “Por isso criei um provérbio que diz ‘para cada ocasião tenho um provérbio sempre à mão’, refere Rui Soares.
Provérbios criam pontos comuns entre os diferentes povos
Presente na cerimónia de inauguração do colóquio, Anna-Paula Ormeche, coordenadora nacional da Rede de Centros e Clubes UNESCO, afirmou que “um provérbio é transmissão de conhecimento, cultura, sabedoria e património. É uma forma de criar pontos comuns entre os vários povos e é isso que a UNESCO pretende”.
A representar os 26 países presentes no colóquio estiveram personalidades como: professor Wolfgang Mieder (USA), professor Emeritus Frantisek Cermák (República Checa), professor Georgy Kapchits (Rússia), escritora Mineke Schipper (Holanda), professora e economista Virpi Outila (Finlândia), professor Paulo Osório (Portugal), professor Bragança Júnior (Brasil), professora Rethabile Possa (África do Sul), professora Marie-Sol Ortola (França) e Marie-Christine Varol (França).
(Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire)