A eficácia dos ataques iniciais evitou fogos de grandes dimensões e permitiu terminar o ano com um “balanço positivo” do dispositivo especial de combate a incêndios florestais no Algarve de 2015, disse o comandante do agrupamento distrital de Faro.
Vaz Pinto referiu ontem à Lusa que a estratégia de fazer um ataque inicial “rápido e musculado”, que permita resolver o foco de incêndio num curto espaço de tempo, tem dado resultados e permitiu ter menos área ardida do que em igual período de 2014, apesar de o número de ocorrências ter sido superior.
“Entre 1 de Janeiro e 31 de Outubro foram registadas 552 ocorrências, o que corresponde a um aumento de 27% face a igual período em 2014. Em relação ao período crítico [de 1 de Julho a 30 de Setembro] homólogo, o número de ocorrências representou um aumento de 29,8%. Em relação à fase Alfa [de 1 de Janeiro a 14 de Maio], em período homólogo verificou-se, igualmente, um aumento de 70,5%”, contabilizou a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) nos dados apresentados ontem, em Faro.
Os dados indicam que entre 1 de Janeiro e 31 de Outubro se registaram 474,22 hectares de área ardida, menos 44% da área ardida no mesmo período do ano passado.
Algarve é vulnerável a grandes incêndios
Vaz Pinto advertiu, no entanto, que o Algarve é uma região “com vulnerabilidade a grandes incêndios” e registou este ano uma severidade meteorológica acima da média dos últimos 10 anos, comparável à de 2012, ano em que foram consumidos mais de 20 mil hectares de floresta num incêndio que atingiu os concelhos de Tavira e São Brás de Alportel.
“Se esse ataque inicial não for eficaz por algum motivo, a probabilidade de haver um grande incêndio é alta, sobretudo se os proprietários dos terrenos em zonas florestais não adoptarem as medidas preventivas que devem adoptar”, alertou.
A Protecção Civil adiantou que o dispositivo de 2015 fez uma “aposta na formação e qualificação dos recursos humanos” e realizou 43 acções, num total de 979 horas de formação/treino operacional, envolvendo directamente 987 operacionais do Algarve.
Reforço financeiro permitiu pagar mais 15 euros por dia a cada bombeiro
A mesma fonte frisou que houve também um “reforço de financiamento de 317.760 euros, assegurado equitativamente por todos os municípios” do Algarve e que permitiu pagar mais 15 euros por dia a cada bombeiro e reforçar os 45 euros que já eram pagos pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), colocando o valor pago por dia em 60 euros.
“Das 552 ocorrências registadas, 167 foram falsos alarmes e 385 incêndios, os quais afectaram uma área de 474.22 hectares. Destas ocorrências, apenas oito não foram dominadas no ataque inicial, ou seja, nos primeiros 90 minutos de ocorrência”, quantificou ainda a Protecção Civil.
Do total de área ardida, 74,1% foi consumida em apenas três incêndios que não foram dominados nesses 90 minutos iniciais mas “cujo tempo de resolução não ultrapassou as 15 horas”.
A Protecção Civil destacou também a importância dos meios aéreos no ataque inicial aos incêndios, com uma “taxa de eficácia de 93%”, e congratulou-se por os tempos de resposta do dispositivo no Algarve terem obedecido às indicações estabelecidas pela Directiva Operacional Nacional.
“O tempo médio de resolução dos incêndios situou-se próximo dos 27 minutos e 24 segundos, sendo que o conceito de operação prevê debelar os incêndios na sua fase inicial, até 90 minutos após o alerta”, apontaram os dados revelados.
(Agência Lusa)