O Algarve vai implementar em maio um projeto de auxílio à população em situação de sem-abrigo, que abrange, para já, sete concelhos da região, foi hoje anunciado numa conferência ‘online’ que contou com a presença de diversas entidades.
Portimão, Tavira, Vila Real de Santo António, Faro, Loulé, Lagos e Albufeira são os primeiros municípios a implementar o projeto Legos coordenado pelo Movimento de Apoio à Problemática da Sida (MAPS) e o Grupo de Ajuda a Toxicodependentes (GATO).
“A intenção é que haja um acompanhamento contínuo desde o primeiro dia em que sabemos que as pessoas estão em situação de sem-abrigo, até ao dia em que elas saem integradas”, revelou à Lusa o presidente do MAPS.
Fábio Simão adiantou haver já “593 pessoas em situação de sem-abrigo no Algarve” e o objetivo é que “todas” as que estão sinalizadas sejam “abrangidas” pelo projeto e tenham o seu “gestor de caso”.
“Se aparecerem mais, o projeto tem capacidade para as abranger”, adiantou a diretora técnica do GATO, Vânia Cavaco.
O Legos arranca “no mês de maio” e contempla a criação de “bases” nos sete concelhos e que vão servir de local físico “de referência” onde serão disponibilizados vários serviços como o “tratamento de roupa, o banco de roupa, atividade várias e apoio alimentar”, para “criar o hábito das pessoas se dirigirem lá”, revelou Fábio Simão.
As equipas de rua também vão encaminhar as pessoas para essas bases, já que é aí que se “irão trabalhar as relações de proximidade” e o “processo de integração comunitária”, complementou Vânia Cavaco, notando que não se trata de “arranjar uma casa e um trabalho”, mas “intervir socialmente” criando a “autonomia da pessoa” em situação de sem-abrigo.
“O projeto pretende ser a alavanca para os projetos de continuidade que são os apartamentos partilhados em todos os concelhos, o ‘Housing First” (Loulé) ou o centro de alojamento temporário em Faro, que responda também a nível nacional”, adiantou.
O Algarve foi a “primeira região do país” a assinar os protocolos “para os apartamentos partilhados” e é a “primeira a implementar” o projeto, tendo sido “já inaugurado um em Faro” e os próximos “vão abrindo nas próximas semanas em todos os concelhos abrangidos”, anunciaram os coordenadores do projeto.
Presente no ‘webinar’, a ministra da Coesão Territorial destacou a importância do “trabalho em rede”, o que possibilitou encontrar oportunidades “escondidas atrás destes desafios”, e destacou o financiamento do projeto por parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, que reconheceu o “trabalho das instituições que o vão colocar no terreno”.
Ana Abrunhosa realçou não haver “varinhas mágicas nem interruptores” para “acionar e criar oportunidades para as pessoas”, sendo necessário um trabalho de “todos os dias, que não tem respostas fáceis nem imediatas”.
Já a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, elogiar o projeto Legos, sublinhando que se vivem “tempos criativos e desafiantes”, mas ao mesmo tempo “de uma enorme aprendizagem”.
“O Algarve é a primeira região do país a trabalhar em conjunto e a encontrar soluções, interligando os mecanismos nacionais com as necessidades regionais, encontrando soluções para as pessoas que são um sinal para se saber onde a sociedade falhou. Devem ser tomadas medidas para que isso não volte a acontecer”, evidenciou.