A Associação de Produtores de Aguardente de Medronho do Barlavento Algarvio (APAGARBE) lamentou ontem a posição de autarcas do Alentejo que contestaram o pedido de Indicação Geográfica Protegida (IGP) “Algarve”, por incluir produções alentejanas sem menção à zona.
Em causa está o pedido de registo da IGP “Medronho do Algarve” efectuado pela APAGARBE à Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) e cujo aviso já foi publicado em Diário da República, mas que os presidentes dos municípios alentejanos de Almodôvar, Odemira e Ourique contestaram em fase de discussão pública.
Os autarcas consideraram, na terça-feira, num comunicado, que a proposta de IGP, que conta com o apoio da Direcção Regional de Agricultura do Algarve, foi apresentada “de forma prepotente e abusiva” ao incluir medronho produzido em oito freguesias dos concelhos de Almodôvar, Odemira e Ourique, no Baixo Alentejo, “à revelia dos produtores, associações e autarcas alentejanos”.
A APAGARBE veio agora a público “lamentar profundamente” o tratamento dado a esta matéria pelos autarcas alentejanos, considerando que o medronho produzido no Algarve e nessas freguesias do Baixo Alentejo “merece ser defendido e valorizado por todos, em conjunto e parceria”, por se tratar de “um importante recurso da economia rural e da ecologia e meio ambiente das serras do Algarve e da sua área geográfica”.
APAGARBE considerou estranha a contestação dos autarcas alentejanos
A associação referiu, num comunicado, que a candidatura tinha que ser apresentada até 15 de Fevereiro por uma organização de produtores, no caso a APAGARBE, que teve “o cuidado” de se deslocar, com a Direcção Regional de Agricultura do Algarve, aos municípios de Odemira e de Almodôvar para uma reunião onde esteve presente também o vice-presidente de Ourique”.
A APAGARBE acrescentou que o objectivo deste encontro foi prestar “esclarecimentos e informação sobre o modo como tinha sido conduzido o processo de pedido de registo da IGP” e, por isso, considerou ser “no mínimo estranha” a contestação desses autarcas sobre a designação “Algarve”, quando “se pretende a defesa e promoção conjunta de algo que é comum aos concelhos e freguesias do Algarve e Baixo Alentejo abrangidos”.
Outra das justificações dadas pela APAGARBE foi a de haver já outras IGP que abrangem as duas regiões, só mencionam o Alentejo e foram aprovadas sem que produtores ou autarcas do Algarve tivessem contestado, porque também beneficiam com elas.
Assim, a APAGARBE incluiu na proposta de IGP “Algarve” as “freguesias limítrofes desta região” localizadas nos três concelhos do Baixo Alentejo, na medida em que a produção de aguardente de medronho é aqui também um recurso fundamental”, à semelhança do que aconteceu, em sentido inverso, com as IGP “Cabrito do Alentejo”, Linguiça do Alentejo”, “Presunto de Santana da Serra ou Paleta de Santana da Serra” e com a Denominação de Origem Protegida (DOP) “Presunto e Paleta do Alentejo”.
A integração numa indicação geográfica “melhora o acesso ao mercado” a todos os produtores abrangidos, argumentou a APAGARBE, mostrando disponibilidade para “colaborar com todos os que pretendem a valorização” da aguardente de medronho das duas regiões.
(Agência Lusa)