A Câmara de Vila Real de Santo António (VRSA) quer concessionar o abastecimento de água a um privado que só vai absorver 52 dos cerca de 240 trabalhadores da empresa municipal actualmente responsável pelo serviço, alertou esta sexta-feira fonte sindical.
Em declarações à agência Lusa, Henrique Vilalonga, da direcção nacional do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (STAL) fez esta denúncia, no primeiro de dois dias de uma tribuna pública que a estrutura realiza em VRSA para esclarecer população e trabalhadores da intenção da autarquia de privatizar serviços de água, limpeza e recolha de resíduos.
A empresa municipal Sociedade de Gestão Urbana (SGU) é quem fornece actualmente estes serviços e Henrique Vilalonga disse temer que a população seja prejudicada com “tarifas mais caras, piores serviços públicos” e que os trabalhadores fiquem com a “situação laboral ameaçada” por causa da decisão da Câmara de entregar a sua concessão a privados.
“Em Novembro fizemos a manifestação e agora decidimos fazer a tribuna pública de denúncia da situação, porque em Novembro ainda não se conheciam os contornos do contrato que a Câmara iria assinar com a empresa Aquapor, mas entretanto conseguimos obter esses elementos, fizemos um estudo e chegámos à conclusão que vai penalizar fortemente a população do concelho em termos de tarifas e serviço”, afirmou o dirigente sindical.
O STAL quer “reverter a situação” e, para conseguir esse objectivo, vai estar na cidade até sábado para “informar os vila-realenses sobre o que vai acontecer se a Câmara entregar de facto o abastecimento de água à Aquapor”, mas também para “recolher assinaturas contra a concessão destes serviços a privados”, que “era para ser efectiva a 1 de Janeiro e já passou para 1 de Março”, frisou o dirigente sindical.
“Tivemos uma reunião com a Câmara antes de fazer a manifestação e foi-nos dito que ninguém ia ser despedido. No contrato que, em princípio, a Câmara irá fazer com a Aquapor, prevêem absorver 52 trabalhadores que trabalham na SGU, mas no período de concessão prevêem reduzir esse número de trabalhadores a metade”, advertiu Henrique Vilalonga.
O dirigente nacional do STAL espera que o município diga “como é que estes 52 trabalhadores vão para a empresa [privada] e em que condições” e “o que é que os outros ficam a fazer [na SGU], se os serviços que entretanto fazem vão deixar de ser prestados pela empresa municipal”.
“A SGU tem neste momento cerca de 240 trabalhadores, se vão 52 [para a empresa privada], ficam 190 a prestar um serviço que já não há? A Câmara diz que tem bairros sociais para manter, que isso chega para os manter ocupados, mas depois como é que se vai pagar os ordenados, se a SGU perde a sua principal fonte de rendimento que é o serviço da venda de água à população”, questionou o dirigente do STAL.
A Lusa contactou com a Câmara de VRSA para obter mais esclarecimentos, mas até ao momento não obteve resposta.