Após meio século sem avanços significativos no tratamento da asma, surge uma nova esperança para os milhões de pessoas que sofrem da doença. Investigadores do King’s College London anunciaram um medicamento inovador, o benralizumabe, que pode transformar a forma como as crises de asma e da doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) são tratadas.
Um divisor de águas na medicina respiratória
Descrito pelos especialistas como um “divisor de águas”, o benralizumabe já era utilizado em casos extremos, mas os novos estudos indicam que o medicamento poderá ser aplicado rotineiramente. No Reino Unido, estima-se que esta abordagem possa beneficiar até dois milhões de pessoas anualmente, oferecendo uma alternativa mais eficaz e menos invasiva do que os tratamentos tradicionais à base de esteroides.
A professora Mona Bafadhel, do King’s College London, enfatizou a importância deste avanço:
“Agora podemos ver que há diferentes padrões de inflamação. Podemos ser mais inteligentes e fornecer o tratamento certo, para o paciente certo, na hora certa.”
Como funciona o novo tratamento?
O benralizumabe tem como alvo os eosinófilos, um tipo de glóbulo branco que desempenha um papel crucial na inflamação e nos danos pulmonares associados à asma e à DPOC. Estes glóbulos brancos estão implicados em aproximadamente metade dos ataques de asma e um terço dos surtos de DPOC.
Durante as crises, que incluem sintomas como dificuldade em respirar, chiado, tosse e aperto no peito, o tratamento habitual recorre a esteroides. Contudo, os ensaios clínicos do benralizumabe mostram uma eficácia superior.
Resultados promissores
O estudo, publicado na The Lancet Respiratory Medicine, acompanhou 158 pacientes ao longo de três meses após o tratamento para um surto de asma ou DPOC. Os resultados foram claros:
- 74% de taxa de falha de tratamento com esteroides.
- 45% de taxa de falha com o benralizumabe.
Os pacientes tratados com o novo medicamento apresentaram menos necessidade de internamento hospitalar, redução de tratamentos adicionais e menor risco de mortalidade. Além disso, relataram uma melhoria significativa nos sintomas e na qualidade de vida.
Uma revolução no tratamento respiratório
A professora Bafadhel destacou o impacto potencial deste novo tratamento:
“Dois milhões de ataques por ano não é um número pequeno. Isso revolucionará a maneira como tratamos as pessoas quando elas estão realmente doentes.”
Este avanço também reflete uma mudança na compreensão das doenças respiratórias. Até recentemente, todos os surtos eram tratados como um fenómeno único. Agora, os investigadores sabem que diferentes padrões de inflamação requerem abordagens específicas, permitindo tratamentos mais personalizados e eficazes.
O futuro do benralizumabe
Embora os resultados iniciais sejam animadores, a sua aplicação rotineira ainda dependerá de estudos adicionais e da aprovação pelas autoridades de saúde. No entanto, este marco representa uma nova era no tratamento da asma e da DPOC, trazendo alívio para milhões de pacientes e reduzindo significativamente o impacto destas condições na vida quotidiana.
Depois de décadas de estagnação, o benralizumabe é mais do que um medicamento: é uma promessa de mudança.
Leia também: Esta quinta no Alentejo está a ser vendida ao mesmo preço que um palacete na França