A Aldeia de São José de Alcalar, em Portimão, funciona como um grande lar residencial. Alguns dos idosos residentes na aldeia social encontraram naquele espaço a “qualidade e liberdade” para viverem a velhice.
Concluída em 1990, a aldeia social com mais de 100 residentes foi edificada de raiz na freguesia da Mexilhoeira Grande, nos arredores de Portimão, numa área com mais de dois hectares [equivalente a dois campos de futebol] sendo composta por 52 apartamentos de tipologia T1, T2 e T3.
As moradias geminadas estão inseridas em dois blocos circulares, num complexo criado para “dar uma alternativa digna aos mais velhos” com serviços de apoio, entre os quais lavandaria, refeitório, salas de convívio, serviços médicos e de enfermagem e espaços ajardinados.
A construção da aldeia de São José de Alcalar foi financiada com doações das sociedades portuguesa e alemã, este último país onde o pároco da Mexilhoeira Grande estudou quatro anos e prestou serviços religiosos durante mais de 40 anos.
Este modelo de funcionamento já chegou ao conhecimento dos japoneses, que vieram a Alcalar para ver e instalar nos subúrbios de uma cidade japonesa, este modelo, segundo noticiou o jornal Mundo Português.
Domingos Costa, o mentor da primeira ‘Aldeia Lar’ para idosos, implementada há 30 anos em Alcalar, disse à Lusa que “o sonho e a razão” que o levou a construir uma aldeia para idosos, foi para apoiar os mais pobres e de ver “famílias de pessoas em idade avançada com filhos deficientes e de viverem angustiados com medo de morrerem e de os deixarem abandonados”.
Para o padre jesuíta, o que distingue este modelo para acolhimento de idosos, é o facto de ser uma aldeia com casas, jardins, passeios, liberdade, sem limitações de horários para os residentes receberem visitas, sem portões, onde cada um está na sua casinha, “ao contrário dos lares onde está tudo estabelecido e tudo regulado”.
“Não fica ninguém ao abandono apesar de cada um ter a sua casinha, a sua chave”, frisou o pároco, acrescentando que “votadas ao abandono estavam elas [pessoas] em casa se não tivessem vindo para aqui”.
De acordo com o padre jesuíta, a prioridade na admissão à aldeia não é pela ordem de inscrição, mas sim pela necessidade e pela sua condição social, “sendo a prioridade dada a quem esteja mais abandonada, sem família ou que, por exemplo, sofreu um AVC [acidente vascular cerebral]”.