O deputado André Ventura foi hoje reeleito presidente do Chega com 94,78% dos votos, num universo de cerca de 20 mil militantes deste partido com capacidade eleitoral, enquanto o seu adversário, o empresário Carlos Natal, obteve 5,22%.
Os resultados das eleições diretas para a liderança do Chega foram anunciados pelo presidente da Mesa do Congresso do partido, Jorge Valsassina Galveias, numa declaração em que adiantou que ainda estão a ser contabilizados os resultados da eleição de delegados para o congresso desta força política.
O próximo Congresso Nacional do Chega realiza-se em Viseu, entre 26 e 28 deste mês.
Jorge Valsassina Galveias declarou que o Chega tem neste momento cerca de 40 mil militantes, embora apenas 20 mil “se encontrem aptos para votar”.
“Nas eleições para presidente do partido, hoje, votaram perto de quatro mil”, disse.
Perante os jornalistas, Jorge Valsassina Galveias confirmou que foi impugnada uma das listas concorrentes à eleição de delegados na distrital de Lisboa, referindo que essa mesma lista apresentou “irregularidades insanáveis”.
“Nas eleições para delegados na distrital de Lisboa, havia duas listas. A lista A apresentou irregularidades insanáveis, razão pela qual não foi aceite. Essas irregularidades foram na eleição de delegados”, especificou.
Num comunicado divulgado esta manhã, um grupo de militantes do Chega apelou ao boicote das eleições na distrital de Lisboa do partido, considerando ilegal a suspensão de uma das listas concorrentes, e ameaçou apresentar uma providência cautelar para impedir a realização do congresso.
Estas eleições diretas realizaram-se depois de André Ventura se ter demitido em 1 de outubro da liderança do partido, na sequência da decisão do Tribunal Constitucional, que considerou que as alterações estatutárias introduzidas pelo Chega no Congresso de Évora, em setembro de 2020, foram ilegais.
Nas últimas eleições diretas para a presidência do Chega, que decorreram em março, André Ventura foi o único concorrente e venceu com 97,3% dos votos, num sufrágio onde 11,5% dos militantes se deslocaram às urnas, num universo total de 27.926 ativos.
“O Chega está capturado pelo sistema”, acusa opositor interno de André Ventura
Em poucas semanas, Carlos Natal passou de “rato” a uma prova da “democracia a funcionar” no Chega. André Ventura volta este sábado a recandidatar-se à liderança do partido, pela segunda vez em eleições diretas e pela primeira vez com um adversário.
Natal, empresário da restauração e candidato à Câmara de Portimão até ser afastado, acusa o partido de estar “capturado pelo sistema e pela maçonaria”.
“Numa primeira fase, Ventura não se deixou capturar, mas, a partir de um determinado momento, foi capturado. Hoje o partido está amordaçado”, bem como o “projeto que o Chega tinha para o país”, avalia ao Expresso.
É militante desde novembro de 2018, quando o Chega era “ainda um projeto de partido”, e reconhece que avança contra Ventura na sequência do seu afastamento como candidato autárquico. “Não estava na minha ideia candidatar-me. Fui exonerado sem qualquer justificação”, diz.
Tentou “por várias vezes” falar com Ventura, mas sem sucesso. “Até à entrega das listas das candidaturas autárquicas, o presidente do partido esteve por duas vezes a passar férias em Portimão e nunca quis falar comigo”, lembra.
Oficialmente, o que terá motivado o seu afastamento foi a apresentação pública do número dois antes de o nome ter sido aceite pelos órgãos locais.
– Notícia do Expresso, jornal parceiro do POSTAL