Ana Paula Martins, presidente da Câmara de Tavira, manifesta-se contra a abertura das escolas do concelho e afirma que “não concorda com a medida nem como autarca, nem como mãe, nem como encarregada de educação”.
A autarca afirma na sua página de Facebook, que “infelizmente não tenho poder para fechar escolas como fiz com as instalações desportivas municipais”.
Ana Paula Martins soube da decisão na sexta-feira à noite e desde aí fez “várias diligências para que a situação fosse reavaliada pelas Autoridades de Saúde Pública”, pois não concorda com a medida “nem como autarca, nem como mãe, nem como encarregada de educação e como tal a minha filha não foi à escola hoje”.
A autarca continua “a acreditar, e a tentar, que em concelhos de risco muito elevado e extremamente elevado, as aulas presenciais sejam suspensas temporariamente” e afirma que fica triste “por todos acharem que se tivesse ao meu alcance uma medida como esta não a tomaria para proteger a nossa comunidade”.
“Quanto à polémica atualização do gráfico, este serve apenas para acompanhar a evolução relativa ao período exato que será avaliado pelo governo para a classificação de risco. Tal como tem vindo a acontecer, após a avaliação de risco pelo governo, a contagem reinicia”, refere, salientando que “a vantagem deste gráfico é que permite conhecer antecipadamente o nível de risco do concelho e as medidas que serão aplicadas”.
“Não existam dúvidas. Estamos em risco extremamente elevado e a situação no concelho é preocupante, e caso não se evolua para o confinamento geral, na próxima reavaliação continuaremos em risco muito elevado ou extremamente elevado”, conclui a presidente da Câmara de Tavira.
“Baixar estes números só depende de nós! Protejam-se e protejam os outros”, apela aos tavirenses.
Segundo a atualização da situação epidemiológica de ontem, o concelho de Tavira tem 431 casos ativos, 962 confirmados, 867 pessoas em isolamento profilático, 523 recuperadas e 8 mortes a lamentar.
Câmara de Tavira considerou decisão da DGS inadequada à realidade da situação epidemiológica do concelho
Conforme o POSTAL já tinha noticiado, as aulas presenciais do 2º e 3º ciclo e secundário em Tavira foram retomadas por decisão da Direção Geral da Saúde (DGS).
Numa publicação na página do município, a autarquia indicava na passada sexta-feira que “não obstante a insistência das autoridades locais e regionais, a DGS entendeu que as aulas presenciais deveriam ser retomadas, em todos os ciclos de ensino, com efeitos a partir de 11 de janeiro”.
A nota apontava que o município continuaria “a insistir, junto das entidades regionais e nacionais” para que a decisão “seja revogada” considerando que a decisão é “inadequada à realidade da situação epidemiológica do concelho”.
Numa reunião no dia 7 de janeiro, a Comissão Municipal de Proteção deliberou por unanimidade voltar a “solicitar a prorrogação da suspensão das aulas presenciais” nos 2º e 3 ciclos e no ensino secundário, “durante a próxima semana e alargar a medida ao 1º ciclo e pré-escolar”.
Com base na decisão da DGS, a autarquia apelava “a todos os pais e encarregados de educação” cujos educandos irão regressar às aulas na próxima segunda-feira que os “sensibilizem para a necessidade de estrito e rigoroso cumprimento das normas das autoridades de saúde”.
Recorde-se que as autoridades de saúde do Algarve revelaram na passada sexta-feira haver suspeitas de existirem em Tavira casos de infeção com a nova variante do coronavírus originária do Reino Unido, cujas amostras foram enviadas para análise.
Segundo a delegada de Saúde do Algarve, Ana Cristina Guerreiro, existe a “hipótese” de a nova variante do vírus “estar, eventualmente, a ser responsável” pela “subida grande” de casos no concelho de Tavira ao longo das últimas duas semanas.
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