O presidente do Chega, avisou domingo o homólogo do PSD, Rui Rio, sobre o peso eleitoral reforçado do partido, ao ultrapassar as candidaturas comunista e bloquista, assumindo-se já como líder da terceira força política nacional.
Com três consulados por apurar, André Ventura alcançou 11,9% (496.583 votos), a cerca de 45 mil votos da ex-eurodeputada socialista Ana Gomes, enquanto o atual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, “passeou” para o tradicional segundo mandato no Palácio de Belém, alcançando 60,7% (2.533.799).
O “terramoto político” prometido pelo partido da extrema-direita parlamentar ficou por acontecer, mas houve muitas pernas a “tremer de nervoso”, à medida que os resultados foram sendo apurados e candidatura da autodenominada força “antissistema” ficava em segundo lugar em 12 dos 20 distritos ou regiões autónomas, salvaguardando as devidas diferenças entre o tipo de sufrágio presidencial e autárquico regional/local ou mesmo legislativo.
A oito meses das eleições autárquicas, o périplo continental da caravana nacional-populista colocou-o no segundo lugar do pódio em toda a faixa interior do país (Bragança, Vila Real, Guarda, Viseu, Castelo Branco, Santarém, Portalegre, Évora e Beja), mas também em Leiria, Faro e na Madeira.
Dos 308 concelhos, Ventura estabeleceu-se como segundo em 204, numa campanha eleitoral marcada pelos gritos de manifestantes de “facho”, “racista” e “xenófobo”, além de outros impropérios, em resposta ao seu discurso radical, designadamente contra a comunidade cigana.
Nas anteriores disputas eleitorais, o jurista e tribuno de 38 anos garantira um terceiro lugar em Loures nas Autárquicas2017, atrás do comunista Bernardino Soares e da socialista Sónia Paixão, com 22% dos votos.
O ex-professor de Direito, antigo inspetor da Autoridade Tributária e também consultor jurídico de empresas, além de comentador desportivo, foi cabeça de lista pela coligação PSD/PPM, ainda sob batuta do então primeiro-ministro, Passos Coelho.
Já com o Chega legalizado, o concorrente ao Palácio de Belém disputou, como “N.º 1” por Lisboa, as Legislativas2019 e garantiu o atual mandato no parlamento, com 1,29% dos votos (67.826).
O deputado único do Chega, eleito pela primeira vez em 30 de junho de 2019, na I Convenção Nacional do Chega, em Algés (Lisboa), manteve a promessa de se demitir e voltar a submeter-se ao escrutínio dos militantes ao não alcançar o segundo lugar, à frente de Ana Gomes.
Ventura já se demitira em abril de 2020, após críticas internas sobre a votação no parlamento da renovação do estado de emergência decretado devido à pandemia de covid-19.
Na altura, recandidatou-se ao cargo e ganhou as eleições diretas, com 99%, 15 dias antes da II Convenção Nacional do Chega, entre 19 e 29 de setembro de 2020, em Évora.
Naquela reunião-magna, só à terceira votação, cinco horas depois do previsto, o rol de nomes apresentado por Ventura para a cúpula do partido foi aprovado pelos militantes.