A candidata presidencial Ana Gomes acusou hoje o seu adversário André Ventura de ser “boneco” instrumento de poderes ocultos, enquanto o líder do Chega relacionou a diplomata com os ex-militantes socialistas José Sócrates e Paulo Pedroso.
Estas foram algumas das acusações trocadas num debate sempre travado de forma tensa entre os candidatos presidenciais Ana Gomes, apoiada por PAN e Livre, e André Ventura, presidente do Chega, na TVI.
Logo na abertura do debate, a ex-eurodeputada socialista procurou associar André Ventura a projetos que têm como objetivo destruir a democracia e instaurar a ditadura, afirmando em contraponto que, se for eleita Presidente da República, será uma firme defensora da atual Constituição da República.
Além de tentar colar o deputado único do Chega ao presidente cessante dos Estados Unidos, Donald Trump, e à líder da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen, Ana Gomes também atacou o seu adversário no plano ético-moral.
Ana Gomes, num dos momentos mais acesos do debate, trouxe para cima da mesa a passagem profissional de André Ventura pela Autoridade Tributária, de onde transitou, segundo a antiga dirigente socialista, para o setor privado, ajudando então “à saída de capitais para offshores”.
Por sua vez, o presidente do Chega recordou a passagem da ex-eurodeputada do PS pelo MRPP, dizendo que esta força política proclamou no período revolucionário do país (1974/1975) a morte aos traidores, “destruiu famílias e empresas”.
Ainda para atacar a sua adversária, André Ventura mostrou no debate uma fotografia de Ana Gomes com o antigo primeiro-ministro José Sócrates em 2009, mas procurou, sobretudo, relacioná-la com o diretor de campanha da sua candidatura presidencial, o antigo porta-voz do PS Paulo Pedroso.
Logo que surgiu a primeira referência a Paulo Pedroso, o moderador do debate, o jornalista Pedro Mourinho, interrompeu o deputado do Chega para frisar que o antigo ministro socialista não chegou a ser acusado judicialmente no âmbito do processo Casa Pia, mas André Ventura seguiu a via de acusar Paulo Pedroso e o atual presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, de terem procurado condicionar a justiça.
“Este senhor tem truques para me tentar arrastar para a lama para eu ficar parecida com ele, mas isso não vai acontecer”, reagiu Ana Gomes.