Desde 2018 que o preço dos terrenos agrícolas em Portugal não param de subir com a chegada de investidores internacionais. Nos últimos dois anos, a valorização atinge os 40% em média, mas nalguns casos chega aos 50%, acompanhando a procura alimentada pelos investimentos no regadio, avançou o Expresso.
Em Tavira, a valorização foi de 100% no espaço de dois anos, 2400% numa década. “O preço dos terrenos agrícolas na zona de Tavira começa nos €80 mil o hectare, mas facilmente chega aos €120 mil”, assegura José Martino, empresário agrícola e administrador da Espaço Visual, uma consultora especializada no agronegócio.
É no Algarve que as propriedades rústicas atingem os valores mais elevados, impulsionados pela escassez de terras e pela rentabilidade de culturas como o abacate e a laranja. Mesmo “um terreno pobre, de sequeiro, já é negociado a €50 mil o hectare”, adianta o consultor. Terrenos que há dez anos “nem sequer atingiam os €5 mil por hectare”, revela José Martino.
A terra está a ser vista pelos investidores como um ativo seguro e o preço por hectare de solos aráveis tem estado a aumentar em todo o país.
“Terrenos agrícolas, procurados por russos, chilenos e espanhóis, que estão a investir em solos aráveis, antevendo uma escassez alimentar. Há também fundos institucionais e investimento alavancado em dívida bancária a comprar solos para a lavoura”, refere o Expresso.
A agricultura está “a atrair cada vez mais investidores”, confirma Luís Mesquita Nunes, administrador da Vitacress, o maior produtor nacional de hortícolas. A lavoura “está até a captar dinheiro dos fundos de investimento, que procuram propriedades para projetos de longo prazo”.
Menos explorações, mas mais superfície agrícola
Ainda segundo o jornal, “o último recenseamento agrícola indica que apesar da superfície agrícola útil ter aumentado, há menos 15 mil explorações. Ou seja, aumentou a dimensão média das propriedades que é agora de 13,6 hectares”. O que justifica “o movimento crescente de investimento na agricultura” assume o administrador da Vitacress. Investimento “empurrado pela autossuficiência alimentar da União Europeia”, conclui Mesquita Nunes.
Um investimento com retorno, já que em dez anos quase triplicou o rendimento agrícola por hectare, segundo o INE, dos €8 mil em 2009, para os €23 mil anotados em 2019 e provocou um aumento de 400 mil hectares, que somam agora 55,5% da superfície territorial.
Acresce que Portugal é dos poucos países que “concedem ajudas ao investimento”, salienta Francisco Palma, presidente da Associação dos Agricultores do Baixo Alentejo. Com “dinheiro disponível devido aos juros baixos e boa rentabilidade, a terra continua a ser um investimento seguro”, acrescenta o dirigente, que aponta os fundos de investimento como os grandes compradores e impulsionadores “da elevada procura por terrenos de regadio”, sobretudo por parte de investidores franceses e russos que procuram “terra mais barata” em Portugal