O Benfica sofreu hoje a primeira derrota na I Liga portuguesa de futebol e ficou com uma liderança menos confortável, ao perder por 1-0 na receção ao Portimonense, em jogo da oitava jornada da prova.
Um golo marcado pelo defesa brasileiro Lucas Possignolo, aos 66 minutos, foi suficiente para a equipa algarvia se impor no Estádio da Luz e colocar fim ao percurso 100% vitorioso dos ‘encarnados’, que perseguiam o oitavo triunfo seguido no campeonato.
O Benfica manteve-se com 21 pontos, ficando com apenas um de vantagem sobre os perseguidores FC Porto e Sporting, campeão em título, que venceram no sábado Paços de Ferreira e Arouca, respetivamente, enquanto o Portimonense passou a totalizar 14 pontos, no quinto lugar.
SÍNTESE: Portimonense ganha ao líder Benfica na Luz e relança a I Liga
A I Liga de futebol está relançada, com a surpreendente vitória do Portimonense no Estádio da Luz, que deixa o Benfica ainda na liderança, mas já com Sporting e FC Porto a apenas um ponto de distância.
Quatro dias depois da festa que foi a bem conseguida vitória sobre o FC Barcelona, por 3-0, para a Liga dos Campeões, a equipa de Jorge Jesus sofreu o primeiro dissabor da época, após sete vitórias consecutivas na competição, ‘tombando’ por 1-0 na oitava jornada.
Os triunfos tangenciais de sábado de FC Porto (2-1 ao Paços de Ferreira) e Sporting (2-1 ao Arouca) acabam por ser preciosos para reagrupar os principais candidatos ao título.
Depois de uma primeira parte sem golos, Lucas Possignolo, aos 66 minutos, fez o tento da vitória dos algarvios, apesar de o Benfica ter dominado por completo em termos de jogadas de ataque, remates à baliza e cantos, mas sem conseguir concretizar.
Apesar do resultado, os adeptos despediram-se da equipa ‘encarnada’ com uma forte ovação, num estádio bem composto, mas longe da lotação máxima, apesar de já não haver limitação de público.
O guarda-redes brasileiro Samuel Portugal foi o grande responsável deste empate, na baliza portimonense, ao mostrar grande qualidade, nomeadamente, nos remates mais difíceis da primeira parte, como foi o caso do livre direto de Grimaldo, aos 37 minutos, e o cruzamento, aos 44, ou a tentativa de chapéu de Rafa Silva, que correu meio campo, aos 42.
Quem vai descolando do trio da frente é o Sporting de Braga, que se deixou empatar em casa com o Boavista, 2-2. Cai para o sexto lugar, com 13 pontos, também atrás de Estoril Praia (15 pontos, após o empate 2-2 com o Gil Vicente) e Portimonense (14).
Na ‘pedreira’ de Braga, o Boavista, inaugurou o marcador aos 12 minutos, por intermédio de Musa, mas os bracarenses deram a volta ao resultado com golos de Iuri Medeiros, aos 25, e Ricardo Horta, aos 52, antes de Yusupha fixar a igualdade final, aos 89.
O dia também foi menos bom para os da casa na Amoreira, com os ‘canarinhos’ a deixarem-se empatar pelos ‘galos’ de Barcelos, igualmente 2-2.
Os estorilistas estiveram por duas vezes em vantagem, com golos de Rui Fonte (11 minutos) e André Franco (45+2, de grande penalidade), mas os visitantes empataram por Samuel Lino (42) e Fran Navarro (50).
Também hoje, o Tondela ganhou em Leiria ao Belenenses SAD, por 2-0, ‘afundando’ mais a equipa lisboeta na classificação, em que é penúltima, com quatro pontos, só à frente do Famalicão.
O brasileiro Pedro Augusto, aos três minutos, e o venezuelano Jhon Murillo, aos 65, marcaram os golos da segunda vitória seguida dos tondelenses.
COMENTÁRIO: Portimonense impõe primeira derrota da época ao Benfica
Um golo de Lucas Possignolo deu hoje a vitória ao Portimonense diante do líder Benfica, por 1-0, em jogo da oitava jornada da I Liga de futebol, que se traduz na primeira derrota dos ‘encarnados’ esta temporada.
Depois de uma primeira parte sem golos, Lucas Possignolo, aos 66 minutos, fez o tento da vitória dos algarvios, apesar de o Benfica ter dominado por completo todos os indicadores do jogo: ataques, remates à baliza e cantos. Todos, menos o mais importante: golos.
Apesar do resultado, os adeptos despediram-se da equipa com uma forte ovação, sinal de reconhecimento do trabalho feito pelo Benfica.
Depois do triunfo, por 3-0, diante do Barcelona, para a Liga dos Campeões, e com o estádio bem composto, mas longe da lotação máxima, mesmo retirando as clareiras nos setores destinados ao Cartão do Adepto, apesar de já não haver limitação do público.
O último jogo sem esta limitação no Estádio da Luz tinha sido a 02 de março de 2020, no empate (1-1) com o Moreirense, na 23.ª jornada da temporada 2019/20, na sequência do qual o Benfica foi igualado e ultrapassado pelo FC Porto (no confronto direto), que viria a sagrar-se campeão. Depois veio a pandemia de covid-19, saiu o público e houve uma longa ‘travessia no deserto’.
Esta tarde, o Portimonense entrou mais forte no jogo, a pressionar o portador da bola do Benfica e a ocupar bem os espaços. Os ‘encarnados’ tiveram de apostar nas características individuais, nomeadamente, na velocidade de Rafa e Darwin para tentar surpreender os algarvios.
Yaremchuk, aos 22 minutos, deu o primeiro sinal de perigo, com o remate de pé esquerdo no coração da pequena área, para defesa de Samuel Portugal, e, aos 29, Darwin falhou o cabeceamento por muito pouco.
Apesar do domínio dos ‘encarnados’, com 12 tentativas de golo e seis remates enquadrados, o ‘nulo’ ao intervalo colocava em evidência o excelente trabalho de Samuel Portugal.
O guarda-redes brasileiro foi o grande responsável deste empate, ao mostrar grande qualidade, nomeadamente, nos remates mais difíceis, como foi o caso do livre direto de Grimaldo, aos 37 minutos, e o cruzamento, aos 44, ou a tentativa de chapéu de Rafa Silva, que correu meio campo, aos 42.
O Benfica, que deixou no balneário Gilberto e chamou ao ‘onze’ Gil Dias, entrou a todo o gás e, aos 49 minutos, viu Yaremchuk ‘fuzilar’ a baliza do Portimonense, a bola bateu no poste, mas dada a força do remate, embateu nas costas de Samuel Portugal e entrou na baliza. Contudo, o atacante ucraniano estava em posição irregular e, após intervenção do VAR, o golo acabou por ser anulado.
Apesar do domínio dos ‘encarnados’ Lucas Possignolo, aos 66 minutos, colocou de cabeça o Portimonense a vencer, depois de um canto cobrado, na direita, por Lucas Fernandes, com a bola a passar entre as pernas de Vlachodimos.
Os comandados de Jorge Jesus mantiveram-se em ‘cima’ do adversário, encostaram-no ao último terço do terreno, procuravam não o deixar respirar, na tentativa de chegar o mais rapidamente possível à igualdade.
Ora pelos flancos, ora pelo corredor central, sobretudo pelas iniciativas de Rafa, o Benfica bem tentava o empate, mas, aos 79 minutos, esteve muito perto de sofrer o 2-0, quando Lucas Fernandes rematou a rasar o poste direito da baliza de Vlachodimos.
Aos 84 minutos, Fali Candé, em cima da linha de golo, ‘roubou’ a igualdade a Otamendi, que estava na zona do segundo poste, na sequência de um canto cobrado por João Mário.
Os algarvios iam defendendo como podiam, aproveitavam todas a oportunidades para queimar alguns segundos e, aos 87 minutos, Jorge Jesus colocou em campo Gonçalo Ramos, para o lugar de Lucas Veríssimo, passando o Benfica a jogar em 4-4-2, em detrimento do 3-5-2 com que iniciou o encontro.
Esta alteração revelou-se tardia, já que o marcador acabou por não sofrer alterações, apesar dos sete minutos de compensação dados pelo árbitro leiriense Fábio Veríssimo e da tentativa de Otamendi, aos 90+5.
Declarações
Declarações após o jogo Benfica–Portimonense (0-1), da oitava jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado hoje em Lisboa:
Jorge Jesus (Treinador do Benfica): “O Benfica jogando com esta qualidade e com as várias situações de golo, não as conseguiu traduzir no resultado. A história do jogo é a nossa derrota ao fim de 14 jogos, oitavo no campeonato. O Benfica teve várias oportunidades que eram suficientes para não perder. No futebol basta um remate para fazer um golo. Foi o que aconteceu. O Portimonense fez dois remates e um golo. Há que valorizar o adversário.
Não tenho nada a dizer da equipa do Benfica. A equipa jogou ao nível a que tem vindo a jogar. Há que andar para frente. Isto faz parte da nossa vida. O futebol é assim. Sentir a derrota, como todos sentimos, mas conscientes daquilo que fizemos. Dou os parabéns à equipa do Portimonense. O Benfica jogou numa intensidade muito alta. Jogou bem. O futebol tem destas situações, que são incontroláveis.
Não se notou desgaste físico na equipa. Os treinadores hoje têm a vantagem de fazer cinco substituições. O último jogo [vitória frente ao Barcelona, por 3-0] não teve influência na derrota de hoje do Benfica a nível físico.
Sabia que este jogo ia ser difícil. O Portimonense é das defesas menos batidas. Os treinadores portugueses conhecem mais o Benfica do que os estrangeiros. Têm uma qualidade tática da equipa superior. Nos primeiros 15/20 minutos o Portimonense não nos deixou jogar. Mas depois libertámo-nos. Como treinador não tenho um motivo para dizer que a minha equipa hoje não jogou com qualidade, não criou oportunidades suficientes para vencer o jogo. Isso não aconteceu.
O que tenho de lamentar? Há coisas que não se controla, como a sorte do jogo e, com tantas oportunidades, poderíamos ter sido mais eficazes. Não posso julgar negativamente a equipa. A equipa do Benfica esteve muito bem. Só não venceu o jogo pelos motivos que já falámos.
Sabíamos que um dia iríamos perder. Ao fim de 14 jogos o Benfica perdeu. As derrotas são preocupantes, mas o que seria preocupante era ter perdido e não saber o motivo. Isso não acontece neste caso. Não é esta derrota que vai colocar os jogadores a pensar. As coisas não passaram do ótimo ao negativo só por causa desta derrota. Faz parte do futebol.
Sim, faltou-nos um segundo Rafa, depois de ter mudado o seu posicionamento. João Mário não o conseguiu fazer na ponta final da primeira parte. Na segunda já o conseguiu fazer”.
Paulo Sérgio (Treinador do Portimonense): “A festa que existe no balneário é própria de uma estrutura que festeja um êxito no terreno do adversário. O extra é ser o Benfica, que é uma grande equipa, com um grande treinador. O Benfica não perde todos os fins de semana. Mas esta vitória só conta três pontos.
O Benfica fez um grande jogo. Foi muito difícil conquistar estes três pontos. O Benfica teve muita qualidade de jogo até entrar nos últimos metros. Até aí houve uma grande noite de Samuel Portugal. Não se pontua e muito menos se ganha no Estádio da Luz sem essa ponta de sorte. Mas a sorte dá muito trabalho. O Samuel Portugal trabalha muito para fazer aquilo que fez. A equipa trabalha muito para fazer o que fez.
Nos últimos 15 minutos adotámos uma estratégia mais baixa, já tínhamos corrido muito. Fomo-nos ajustando aos vários momentos do jogo. É uma vitória do esforço. Os atletas merecem esta vitória no Estádio da Luz. Se me perguntarem se o Benfica mereceu perder, diria que não. Mas a vitória assenta muito bem aos meus jogadores.
O Pedro Sá fez um jogo taticamente impressionante. Quando Rafa abriu ele compensou muito bem a equipa. A ideia era manter o Benfica o mais longe possível da nossa baliza. É evidente, pela qualidade do Benfica, isso nem sempre aconteceu e aí entrou o espírito de união da equipa.
A vitória só conta três pontos. Não se vence aqui todos os dias. Não sei quantas vezes vim cá como treinador e é a segunda vez que venço. Amanhã, isto já passou. São três pontos. Pezinhos no chão.
Percebi o que Jorge Jesus queria dizer [o Portimonense defender melhor que o Barcelona]. O que ele queria dizer é que eu ia criar-lhe problemas defensivos que o Barcelona não colocou. Acho que o disse e disse bem.
Samuel Portugal é um jovem que tem muito potencial. Ele é fortíssimo entre os postes. De uma forma natural os jogos vão-lhe dar o que lhe falta, nomeadamente, o jogo com os pés. Que é uma coisa que faz muito bem. Ele no jogo ainda não tem confiança para o fazer. Por isso é que muitas vezes não arriscou saídas tão pomposas, para não correr riscos. Na baliza ele é um monstro. É um miúdo que tem tudo para dar o salto.
Temos de ter o pé no chão. O campeonato vai ser muito duro. Há muitas equipas com poucos pontos e que têm muita qualidade. Agora vamos pensar no jogo com a Oliveirense, para a Taça de Portugal”.
Ficha técnica
O Portimonense venceu hoje o Benfica, por 1-0, em jogo da oitava jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Lisboa.
Jogo realizado no Estádio da Luz, em Lisboa.
Benfica – Portimonense, 0-1.
Ao intervalo: 0-0.
Marcador:
0-1, Lucas Possignolo, 66 minutos.
Equipas:
– Benfica: Odysseas Vlachodimos, Lucas Veríssimo (Gonçalo Ramos, 87), Otamendi, Vertonghen, Gilberto (Gil Dias, 46), Weigl (Taarabt, 73), João Mário, Grimaldo (André Almeida, 72), Rafa, Darwin e Yaremchuk (Everton, 89).
(Suplentes: Hélton Leite, Everton, Meité, Pizzi, Radonjic, Gil Dias, André Almeida, Taarabt e Gonçalo Ramos).
Treinador: Jorge Jesus.
– Portimonense: Samuel Portugal, Pedrão, Lucas Possignolo, Willyan, Moufi, Pedro Sá, Lucas Fernandes (Felipe Relvas, 90+3), Fali Candé, Carlinhos, Aylton Boa Morte (Angulo, 57, Henrique Jocu, 90+6) e Fabrício (Aponza, 57).
(Suplentes: Payam, Henrique Jocu, Anderson Oliveira, Luquinha, Felipe Relvas, Aponza, Angulo, Renato Júnior e Marcus).
Treinador: Paulo Sérgio.
Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Yaremchuk (12), Fábio Veríssimo (43), Aylton Boa Morte (44), Carlinhos (60), Lucas Possignolo (62), Samuel Portugal (80) e Willyan (90).
Assistência: cerca de 35 mil espetadores.