O presidente do CDS-PP, Paulo Portas, anunciou ontem que não será candidato à recondução na liderança do partido no próximo congresso dos populares a realizar-se em 2016.
O líder manifestou-se confiante na nova geração a quem vai passar o testemunho, prometendo isenção na escolha do seu sucessor e revelando que sairia mesmo que o Governo com o PSD tivesse continuado em funções.
“Quero que saibam que se as eleições de 4 de Outubro tivessem resultado num novo mandato de Governo da coligação, antes do final eu teria, e sobre isso conversei com o presidente do PSD, com tempo e naturalmente, aberto a sucessão no meu partido”, revelou Paulo Portas.
Numa declaração na sede do partido, em Lisboa, após a reunião da comissão política nacional em que comunicou que não se recandidata à liderança dos centristas no 26º Congresso, Paulo Portas citou João Paulo II e pediu aos militantes e simpatizantes que não tenham medo da próxima etapa da vida do partido.
“O partido fará com total isenção da minha parte uma escolha de futuro, que deve ter toda liberdade para se afirmar”, declarou, manifestando “uma grande nova esperança na nova geração do CDS”, à qual “chegou o tempo de, num ciclo político novo, dar grandes responsabilidades”.
Paulo Portas afastou qualquer comparação com a liderança do seu ex-parceiro de coligação, Pedro Passos Coelho, e sublinhou a principal razão que o leva a deixar a liderança do CDS é a longevidade da sua presidência, para qual foi eleito pela primeira vez em 1998 (esteve ausente apenas dois anos, entre 2005 e 2007).
Portas assume que se candidatasse seria por vários mandatos
“É honesto estar consciente de que se me candidatasse agora teria de estar disponível não para um mandato de dois anos, mas vários mandatos de vários anos, os da oposição e da reconquista e do regresso do centro direita ao Governo”, afirmou.
“Isso levaria a minha presidência do CDS para lá de 20 anos de exercício, o que, com toda a franqueza, não é politicamente desejável”, afirmou.
Paulo Portas defendeu ainda, numa declaração em que não respondeu a perguntas, que “depois do que aconteceu a 4 de Outubro nada ficará como dantes”, numa referência ao Governo apoiado pela maioria de esquerda no parlamento, e que o “centro-direita só voltará a ser Governo em Portugal com maioria absoluta de deputados, qualquer outro cenário é um risco fatal”.
“O CDS e certamente o PSD vão ter de pedalar, inovar e crescer muito”, declarou.
O líder do CDS argumentou que, “no futuro, o chamado voto útil será muito mais relevante” e “os portugueses darão mais valor a um partido que não é calculista e não é demagogo”.
Paulo Portas pede esperança e confiança
Paulo Portas insistiu na mensagem de esperança e confiança na nova geração do partido, pela qual, disse, puxou, incentivando os jovens dirigentes a andarem “pelo seu pé” e a “não dependerem da política”.
“O CDS foi sempre capaz de, nas horas certas, dar um salto em frente quando um novo ciclo político se abre”, declarou, considerando que a sua sucessão não deve ser olhada “como um problema, mas uma oportunidade, algo que traz ao CDS renovação e não apenas continuidade, uma decisão que, em qualquer caso, deverá permitir ao CDS renovar a sua liderança, reposicionar a sua estratégia, recomeçar a sua luta, reflectir num novo projecto e numa nova agenda”.
Portas disse conhecer e perceber mas não estar excessivamente preocupado “com a natural e muito democrática preocupação que possam ter neste momento os militantes e simpatizantes”.
“Porventura, a personalidade que mais marcou a minha geração disse um dia ‘não tenham medo, não tenham medo’. É isso que neste tempo de vésperas, para construir futuro, para passar o testemunho, para confiar em gente com muita qualidade, eu queria dizer em último lugar, como se fosse em primeiro. Não tenham medo, não tenham medo, confiem, o CDS vai ser capaz”, pediu o líder cessante.
A afirmação de Paulo Portas inclui uma dupla citação, por um lado, do papa João Paulo II, ao pedir “não tenham medo” e, por outro lado, do antigo presidente do CDS Adriano Moreira, ao usar a expressão “tempo de vésperas”.
O Conselho Nacional do partido, o órgão máximo entre congressos, reunirá no dia 8 de Janeiro para convocar o 26.º Congresso, e definir o local, a data e os regulamentos da reunião magna dos centristas que estatuariamente é electiva da liderança e teria de realizar-se em 2016.
Agência Lusa