A abertura da ponte internacional do Guadiana, em 1991, alterou as relações transfronteiriças entre o sul de Portugal e Espanha e criou novas dinâmicas económicas, sociais e culturais em Vila Real de Santo António.
Passados 25 anos sobre a inauguração da ponte, Vila Real de Santo António tem hoje visitas diárias de espanhóis ao comércio local, está unida politicamente com a localidade espanhola de Ayamonte numa Eurocidade – que também inclui o município de Castro Marim – e as relações sociais e culturais entre habitantes dos dois lados da fronteira são uma realidade.
A passagem fluvial para Ayamonte deixou de ser a única ligação com Espanha e, apesar de estar localizada a cerca de cinco quilómetros, a ponte tornou quotidianas as visitas de cidadãos de um país ao outro, é uma constante a presença de espanhóis em restaurantes, lojas ou praias e é habitual ouvir falar castelhano nas ruas de Vila Real de Santo António.
As longas filas de automóveis para entrar no “ferry” que fazia a única ligação entre o Algarve a região espanhola da Andaluzia, entre Vila Real de Santo António e Ayamonte (Espanha), deixaram de existir, mas as previsões que apontaram para a quebra de visitantes na cidade pombalina com a abertura da ponte não se confirmaram e as visitas de alguns até se tornaram mais frequentes, como reconhecem à Lusa um empresário vila-realense e um visitante espanhol.
Ponte veio ajudar relações entre os dois lados da fronteira
Carlos Quintana, de 72 anos, residente numa localidade espanhola próxima da fronteira, fala à Lusa enquanto aguarda a chegada do “ferry”, e é peremptório ao afirmar que a ponte “só veio ajudar” às relações entre os dois lados da fronteira e a “tornar as visitas a Vila Real de Santo António quase diárias”.
“Eu lembro-me das filas de carros e horas de espera para o ferry, antes de haver ponte. E nós, espanhóis, vínhamos de vez em quando comprar atoalhados e outros produtos que então não conseguíamos encontrar facilmente em Espanha. Hoje, vimos de carro, em pouco tempo passamos a fronteira e não temos de esperar horas para atravessar de barco”, exemplifica.
Luís Camarada, empresário de Vila Real de Santo António, também explica à Lusa que as previsões pessimistas sobre os efeitos da abertura da ponte na cidade “não se confirmaram” e faz um balanço “positivo” de 25 anos com a infra-estrutura em funcionamento.
“Com a ponte houve bastantes benefícios e houve um importante incremento da actividade comercial”, afirma o empresário, considerando que “Vila Real de Santo António sobreviveu à peseta e à ponte” e, agora, as “vindas e idas diárias de espanhóis são um factor de incremento”.
(Agência Lusa)