O PCP acusou hoje o presidente do PSD de desonestidade política, em reação a um comentário de Rui Rio sobre a lotação da Festa do Avante!, comparando-a à de um estádio de futebol e pedindo “coerência”.
“Há afirmações tão ridículas que só podem assentar numa aversão sem limites ao PCP e à sua luta pelos direitos dos trabalhadores e do povo”, respondeu o PCP, em nota divulgada pelo gabinete de imprensa comunista.
Na rede social Twitter, Rui Rio tinha afirmado na quarta-feira à noite aguardar “com expectativa qual será a anunciada redução que o Governo irá fazer” da lotação da Festa do Avante!, “em coerência com a sua obrigação de defesa da saúde pública”.
É que, sublinhou Rio, “se reduzirem a lotação máxima (100.000 pessoas) em 50%, ela passará a corresponder ao Estádio do Porto ou do Sporting completamente cheios”.
Para o PCP, “comparar lotações de estádios de futebol, fingindo ignorar a diferença de área desses espaços com o terreno da Festa do Avante!, que é cerca de 20 vezes maior, só pode ser compreendido por ma-fé e desonestidade política subjacentes aos tiques da conhecida intolerância democrática desta pessoa”.
Devido à pandemia de covid-19, as últimas 10 jornadas da I Liga portuguesa de futebol foram disputadas sem público nas bancadas, tal como têm decorrido todas as competições desportivas entretanto realizadas.
Desde quarta-feira e até 23 de agosto está a ser disputada em Lisboa a ‘final a oito’ da Liga dos Campeões de futebol, também sem adeptos nos estádios.
Atualmente, apenas está prevista a presença de público, decorrendo a venda de bilhetes, para os Grandes Prémios de Portugal de Fórmula 1 e MotoGP, a disputar no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, nos dias 25 de outubro e 22 de novembro, respetivamente.
Na quarta-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, defendeu que a lotação da Festa do Avante!, organizada pelo PCP, terá este ano que ser inferior à capacidade máxima de 100 mil pessoas do recinto no Seixal, por causa da covid-19.
“É evidente que estamos a falar, teremos que falar de outros números”, declarou Marta Temido na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia, acrescentando: “compreendo que se fale de um número de 100 mil, na medida do que será a licença de utilização, mas estamos num momento específico, num contexto específico”.
A ministra assegurou que à organização da Festa do Avante! “não será permitido o que está proibido, nem proibido o que está permitido” e que “não haverá exceções” às regras adotadas pelas autoridades de saúde para conter o contágio pelo novo coronavírus.
Na organização da Festa do Avante!, este ano entre 4 e 6 de setembro, no Seixal, e que é uma iniciativa política que inclui tradicionalmente concertos, exposições, debates, espaços de restauração e espaços de campismo para os espetadores, tem havido reuniões de responsáveis do PCP com técnicos da Direção-geral da Saúde.
“Aquilo que procuraremos fazer, em termos técnicos, é a aferição das condições que o promotor do evento tem para cada uma dessas áreas, face àquilo que são as regras definidas pela Direção-geral da Saúde”, acrescentou a ministra da Saúde.
Marta Temido acrescentou que o contexto específico para a realização da festa “será considerado e foi já considerado pelos promotores” no diálogo que mantêm desde segunda-feira com a DGS, quando se realizou a primeira reunião técnica entre ambas as partes.
Na conferência de imprensa de apresentação da Festa do Avante! deste ano, no passado dia 4, o principal responsável da organização, Alexandre Araújo, garantiu que serão cumpridas escrupulosamente as regras de distanciamento e higiene impostos pelas autoridades.
O dirigente do PCP confirmou que a venda de bebidas alcoólicas, por exemplo, vai respeitar “legislação e regras em vigor”, pois “neste momento é proibida a sua venda depois das 20:00, à exceção de estabelecimentos de restauração”, e será isso que se vai passar nas quintas da Atalaia e do Cabo da Marinha, Amora, Seixal, entre 04 e 06 de setembro.
Contudo, evitou adiantar números de bilhetes já vendidos, qualquer previsão de visitantes ou esclarecer se vai haver um limite à entrada de pessoas no recinto, cuja lotação máxima é de 100 mil pessoas.
“A festa não é exceção em relação àquilo que está hoje colocado, do ponto de vista das recomendações quanto a aglomerações, da distância física que se deve conservar, do uso da máscara quando se está em determinados espaços ou com determinado número de pessoas. Isso hoje são aspetos que estão em aplicação e que o conjunto dos portugueses adotou esse tipo de procedimentos. Na festa isso não será diferente”, assegurou.