Ressalvando que já foi adversário de Paulo Rangel quando, em 2010, o eurodeputado se candidatou à liderança do PSD e perdeu para Passos Coelho, Miguel Relvas admite agora que é ele o mais bem posicionado para levar o PSD às próximas eleições legislativas. E sugere que alternativa deve ir unida, e não “fracionada”. Ou seja, sem Luís Montenegro.
No programa ‘Lei da Bolha’, da TVI, o ex-ministro-adjunto de Pedro Passos Coelho admitiu que Rui Rio “sai melhor das eleições autárquicas do que estava antes”, mas a questão maior continua a colocar-se: “A questão é saber se Rui Rio teria as mesmas condições se fossem eleições legislativas, e apesar de haver um descontentamento grande em relação ao PS e ao Governo, isso não se sente com evidência porque não há uma alternativa real”.
No entender do antigo ‘king maker’ dos sociais-democratas, se o PSD quiser ganhar eleições “tem de encontrar uma nova alternativa dentro do partido”. Até porque o PSD desde que é liderado por Rui Rio “perdeu todas as eleições a que se candidatou”.
E essa alternativa “não pode ser fracionada, tem de haver um entendimento”. “Neste momento, o que está mais bem posicionado para isso é Paulo Rangel”, disse, recordando que, em 2010, foi seu adversário quando Rangel concorreu contra Passos Coelho à liderança do partido. Nessa altura Relvas estava ao lado de Passos, e Rangel perdeu.
Sugerindo que deve ser Paulo Rangel a liderar a frente anti-Rio, é também já dado como certo no PSD que Luís Montenegro fica pelo caminho. Este domingo, o ex-líder parlamentar dá uma entrevista à TSF onde irá desfazer esse tabu.
Quanto a Rui Rio, apesar de ter marcado para o próximo dia 14 de outubro o Conselho Nacional que vai definir a data do confronto direto, não abdicou de 15 dias para pensar, fazer telefonemas e contar cabeças. O que está a ser visto no PSD como um sinal de que Rui Rio pode não se recandidatar se tiver sérias dúvidas de que tem o partido ao lado dele.
Esta semana, a direção de Rui Rio acabou a falar a duas vozes: os que, como David Justino, puxaram pela vitória autárquica e atacaram com unhas e dentes a “deslealdade” de Paulo Rangel, e os que, como Morais Sarmento, admitiram que Rui Rio pode mesmo não se recandidatar. “Rui Rio, ao contrário da contabilidade que normalmente se faz de ganhos e perdas, está a esta hora a pensar se o seu exercício de oposição nestes dois anos tem utilidade para o país”, disse Nuno Morais Sarmento esta sexta-feira no Expresso da Meia Noite, para concluir que “se ele achar que não tem, é indiferente ter ganho ou perdido: ele vai-se embora”.
Notícia exclusiva do parceiro do jornal Postal do Algarve: Expresso