O ministro da Saúde, Paulo Macedo, anunciou hoje na Comissão Parlamentar de Saúde, onde foi chamado, o reforço de enfermeiros, médicos e assistentes operacionais para a região do Algarve.
De acordo com o Ministro para a região foram abertas vagas destinadas a 45 enfermeiros, para médicos de medicina geral e familiar e, ainda, para médicos hospitalares. A estas junta-se a contratação de assistentes operacionais.
Paulo Macedo diz que “mais uma vez, abrimos um número significativo de vagas” e sublinha que nesta matéria “tem havido um esforço como nunca houve no passado”.
Não obstante, é o próprio ministro que reconhece que “muitas vagas ficarão por preencher” e que haverá, nomeadamente nos reforços para o Algarve, recurso a “médicos de outras nacionalidades”.
Ministro dá migalhas ao Algarve
O anúncio de Paulo Macedo é uma ajuda para colmatar a falta de pessoal de saúde na região, mas a verdade é que o que o ministro anuncia só pode ser classificado como migalhas.
É que na região faltam, de acordo com dados oficiais da ARS-Algarve, 282 médicos, 159 enfermeiros, 244 assistentes operacionais, 101 assistentes técnicos, 22 técnicos de diagnóstico e terapêutica, e 15 técnicos superiores, para que os serviços de saúde possam funcionar normalmente.
Os dados foram revelados pelo presidente da ARS-Algarve na Comissão Parlamentar de Saúde onde foi chamado na passada semana e revelados ao POSTAL pelo deputado Paulo Sá, eleito pelo PCP no círculo do Algarve.
Basta comparar o número de vagas lançadas a concurso para os enfermeiros – revelado pelo ministro – para perceber a diferença entre as necessidades e a resposta do Governo.
Para o deputado Paulo Sá, “as vagas abertas pelo Governo não respondem a mais de 10% das necessidades do sistema de saúde na região” e, portanto, não cumprem “o dever constitucional de garantir à população o acesso à saúde que é uma das obrigações do Estado e, pois, do Governo”.
O PCP exigiu ao ministro hoje a supressão de todas as necessidades detectadas pela ARS Algarve e, de acordo com o deputado Paulo Sá, “o ministro limitou-se a fugir à questão”.
Pedro Nunes diz que falta de médicos não é sazonal
A falta de médicos no Algarve volta a estar na ordem do dia agora que estamos em época alta, momento em que a região acolhe muitos milhares de turistas e apesar dos esforços contínuos dos políticos algarvios, nomeadamente os deputados dos partidos da oposição ao Governo, e das mais variadas vozes algarvias, a situação de repetidas falhas do sistema de saúde na região arrasta-se há meses.
Em declarações à Antena 1, o responsável pelo Centro Hospitalar do Algarve, Pedro Nunes, declarou que “a falta de médicos [na região] não é sazonal”.
Pedro Nunes recorda que “enquanto bastonário, “denunciei várias vezes a situação” que, lembra, “ não é de agora”, acrescentando que, “não se tomaram medidas quando era fácil e havia dinheiro”.
Para o dirigente hospitalar “o problema de Portugal está na fixação de médicos na periferia e (…) não é um exclusivo do Algarve”.
Ordem dos médicos fala em “ruptura”
Já o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, classifica a situação dos serviços de saúde no Algarve como estando “à beira da ruptura”.
As declarações feitas na passada semana à Antena 1 incluíram exemplos específicos, com o bastonário a lembrar o “encerramento do Serviço de Urgência Básica de Lagos por falta de clínicos” e “a falta de meios [leia-se assistentes operacionais] no Serviço de Urgência Básica de Albufeira”, situação que levou à transferência de doentes para os hospitais de Faro e Portimão.